Economia

Dirigente do Fed diz não ver problemas em cortar menos os juros

Austan Goolsbee, do Fed de Chicago, afirmou que a economia se aproxima do pleno emprego e que as expectativas da inflação ancoraram

Fed nos EUA
Fed nos EUA / Foto: Freepik

Austan Goolsbee, o presidente do Fed (Federal Reserve) de Chicago, afirmou que o mercado de trabalho dos EUA parece estabilizado, próximo de alcançar o pleno emprego, e que não há problemas em diminuir o ritmo de corte dos juros. A declaração foi realizada em entrevista para a “CNBC TV” nesta sexta-feira (31).

O dirigente do Fed também afirmou que o banco central norte-americano está próximo da meta de inflação de 2%, com as expectativas do mercado “firmemente ancoradas”. Goolsbee foi responsável por aprovar a leitura da série de dados de inflação dos EUA, divulgados nesta sexta.

“Registramos vários meses de desempenho sólido de inflação perto de 2%”, defendeu o membro do Fed.

O executivo não citou nominalmente o presidente do país, Donald Trump, mas disse que as incertezas políticas irão “confundir os sinais” para o Fed e que executivos da indústria automobilística estão preocupados com os impactos de possíveis tarifas planejadas pelo republicano.

Fed escolhe manter cautela enquanto aguarda movimentos de Trump

Fed (Federal Reserve), banco central dos EUA, decidiu manter a taxa de juros do país inalterada, na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano, em decisão informada nesta quarta-feira (29). A decisão já era esperada pelos agentes do mercado financeiro e especialistas reforçaram a influência que as expectativas sobre o novo mandato de Donald Trump impuseram sobre a decisão.

A decisão do Fed foi unânime, logo na primeira reunião do Fomc (Comitê de Mercado Aberto) na volta de Trump à Casa Branca. 

“Já havia a expectativa de que o FED aguardaria os próximos passos de Trump para que, na próxima reunião em março, considerasse mudanças. Essas mudanças foram influenciadas, principalmente, pela nova política de tarifas, tributos e cortes de gastos da nova administração presidencial”, indicou Alexandre Dellamura, head de conteúdo da Melver e mestre em economia.

Além disso, outro ponto de atenção para o Fed tem sido o mercado de trabalho norte-americano, que continua apertado, segundo Dellamura, com a inflação de serviços resiliente. 

Na perspectiva de Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos, as expectativas do mercado, na verdade, estão mais voltadas para a coletiva de imprensa do presidente do Fed, Jerome Powell, logo após o comunicado da decisão sobre a política monetária.

Os agentes financeiros estarão observando, segundo ele, quais são as perspectivas, se ele deixa algum sinal de como será tratada a política monetária no futuro, se haverá mais comprometimento com a tentativa de levar a inflação em direção à meta de 2%.

No quesito dados econômicos que mexem com a movimentação da autoridade monetária dos EUA, o CPI – um dos mais importantes índices de preço da economia norte-americana – fechou com variação de 2,9% em 2024.