Política monetária

Dirigente do Fed: 'não estamos presos a cortes contínuos nos juros'

A presidente do Fed de Chicago, Mary Daly, avaliou que a economia dos EUA está "claramente em um lugar melhor" agora

EUA
NEW YORK CITY - JULY 11: The New York Stock Exchange on Wall Street on July 11, 2015 in New York City. The NYSE is one of the most important stock exchanges worldwide.

A presidente do Fed (Federal Reserve) de Chicago, Mary Daly, afirmou que a autoridade monetária está olhando além do chamado “pouso suave” da economia, que segue dentro das pretensões da instituição. Em vez disso, ela prevê que o  Fed ajude a criar uma expansão econômica sustentada.

O Banco Central dos EUA não garante um progresso contínuo no corte de juros, segundo a dirigente. 

“Nos próximos meses e anos, quase certamente haverá solavancos, perturbações e sustos econômicos. E o Fed não pode impedir totalmente que choques tenham impacto”, comentou  Daly nesta terça-feira.

“Mas, exceto por tais eventos, e com a combinação certa de política monetária, podemos ajudar a criar as condições para um crescimento duradouro”, prosseguiu. 

Na avaliação da dirigente do Fed, a economia dos EUA está “claramente em um lugar melhor” agora, com a inflação muito mais baixa do que seu pico no verão de 2022, enquanto não há mais superaquecimento no mercado de trabalho.

Porém, mesmo com a inflação caminhando à meta de 2% do Fed, Daly afirmou que a política de juros precisa ser ajustada seguindo a melhora das condições melhoram, segundo o “Valor”.

Durante a reunião do Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto) em setembro, Daly, que é um membro votante atual, decidiu pela redução da taxa básica de juros em meio ponto percentual no mês passado, para um intervalo entre 4,75% a 5%.

“O Fomc precisava recalibrar, e o fez na reunião de setembro”, disse. “Vejo esse movimento como ‘dimensionamento correto’, reconhecendo o progresso que fizemos e afrouxando um pouco as rédeas da política, mas não abrindo mão.”

No entanto, a dirigente ainda acredita que a política continua restritiva e continuará a pressionar a inflação para garantir que ela atinja a meta de 2%, apesar do Fed ter reduzido a taxa dos Fed funds em meio ponto percentual na reunião de setembro.

“O progresso contínuo não é garantido […] Devemos permanecer vigilantes e ser intencionais, avaliando continuamente a economia e equilibrando nossos dois objetivos obrigatórios”, disse ela.

Fed: taxa de juros neutra está maior que antes da pandemia

Neel Kashkari, o presidente da distrital do Fed (Federal Reserve) de Mineápolis, afirmou nesta segunda-feira (14), que a taxa neutra de juros – aquela que não expande nem contrai a economia – está maior que era antes da pandemia atualmente.

“Se a dívida americana continuar crescendo, a taxa neutra continuará crescendo também”, disse o dirigente do Fed durante evento do banco central da Argentina.

Kashkari também disse que os juros ainda estão em território restritivo, mesmo com a taxa neutra sendo maior e o Fed tendo iniciado seu ciclo de cortes. Mas ainda é difícil descobrir o grau de restritividade.

O Fed se aproxima, segundo ele, de conseguir levar a inflação de volta para a meta de 2% sem causar um grande impacto no mercado de trabalho, que segue forte e não está enfraquecendo rapidamente. 

Além disso, o dirigente apontou que outros cortes pequenos de juros parecem apropriados. “Ainda existe um colchão entre a inflação e a atual taxa dos Fed funds que deixa os juros restritivos”, disse.