Política monetária

Fed: "podemos ficar confortáveis com decisão", diz dirigente

Para William C. Dudley, os dados econômicos mostravam que o Fed precisava "avançar com um pouco mais de entusiasmo"

Foto: Reprodução/Youtube
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A melhor maneira de explicar a decisão do Fed (Federal Reserve) de cortar a taxa de juros em  ponto percentual foi a inflação se aproximando da meta de 2%, disse William C. Dudley, 10º presidente e diretor executivo do Fed de Nova York.

Para o executivo do Fed “podemos ficar bastante confortáveis com o fato de esta ter sido uma decisão da Powell”, por conta das projeções econômicas.

“Esse é sempre um mantra que usamos, quanto mais confiantes estivermos de chegar ao objetivo de 2%, então poderemos começar a reduzir as taxas”, afirmou Dudley durante participação no JSafra Brazil Conference 2024.

O mercado de trabalho começou a perder, e diferentes indicadores mostraram que esse setor estava mais brando do que era meses atrás, explicou o executivo.

“Os dados relativos aos salários, aos postos de trabalho por preencher e aos trabalhadores desempregados começaram a descer para níveis inferiores aos da pandemia”, ressaltou.

Inflação de 2% e emprego máximo sustentável consistente, esses dois objetivos estão agora em equilíbrio. Agora, se os dois objetivos estão em desequilíbrio, isso significa que a política monetária deve ser neutra”, disse Dudley.

“No fim do dia, eu penso que Powell decidiu que, dada a distância a que se encontram da neutralidade, talvez precisemos de avançar com um pouco mais de entusiasmo do que se pensava”, prosseguiu.

Dólar tende a trajetória mais fraca e pode dar maior liberdade aos países emergentes conforme decisões do Fed

Quanto ao quadro da política monetária nos países emergentes, após o movimento do Fed, Dudley afirmou que essa questão gira em torno do que acontece no país individualmente, principalmente no lado fiscal.

“Se houver políticas fiscais estimulantes, haverá mais procura e os bancos centrais terão de responder a isso”, disse.

“Se a economia vacilar e a Fed sentir que tem de facilitar a política monetária, podemos assistir a uma taxa dos fundos federais de 2-3%. E penso que o que isto faz é retirar muita da pressão dos mercados emergentes e dar-lhes um pouco mais de flexibilidade política”, continuou.

“Porque uma das consequências que veremos à medida que a Fed continua a reduzir as taxas é que o dólar tenderá a seguir uma trajetória mais fraca”,

Na avaliação de Dudley, o dólar não se vai fortalecer enquanto a Fed estiver numa trajetória de flexibilização e isso deve dar às economias de mercado emergentes outro grau de liberdade em termos da forma como conduzem a sua política.

Quem é William Dudley

William C. Dudley se tornou o 10º presidente e diretor executivo do Fed de Nova York em janeiro de 2009. A partir de então, o executivo atuou como vice-presidente e membro permanente do FOMC (Federal Open Market Committee).

Antes disso, Dudley também foi vice-presidente executivo do Markets Group no Fed de Nova York, onde administrou o System Open Market Account para o FOMC. Esse grupo é responsável por operações de mercado aberto doméstico e de câmbio estrangeiro e as provisões de serviços de conta para bancos centrais estrangeiros.

Dudley também atuou como sócio e diretor administrativo do Goldman Sachs & Company, antes de ingressar no Fed. Ele foi o economista-chefe da empresa nos EUA por uma década.