Economia

Dirigente do Fed: será difícil cortar ou manter os juros no futuro

A inflação subiu um pouco, enfatizou o dirigente do Fed, Austan Goolsbee, mas ele reforçou que ainda acredita que ela está no caminho para a meta de 2%

Sede do Fed (Federal Reserve) nos EUA/ Foto: Creative Commons
Sede do Fed (Federal Reserve) nos EUA/ Foto: Creative Commons

Austan Goolsbee, presidente da distrital do Fed (Federal Reserve) de Chicago, declarou nesta sexta-feira (6) não querer se comprometer sobre uma decisão de corte ou não dos juros na reunião deste mês de dezembro. 

A inflação subiu um pouco, enfatizou Goolsbee, mas ele reforçou que ainda acredita que ela está no caminho para a meta de 2%. “Ainda teremos a divulgação da inflação e dos gastos do consumidor [para tomar uma decisão]”, disse o dirigente do Fed.

Nas próximas reuniões do Fomc (Comitê de Mercado Aberto do Fed) será difícil decidir sobre um corte ou manutenção da taxa de juros, disse Goolsbee, segundo o “Valor”. 

“O progresso da inflação é encorajador, mas 3% ainda é muito elevado”, disse ele. O dirigente também reiterou que o mercado de trabalho dos EUA aparenta estar mais equilibrado após a divulgação do payroll, que mostrou abertura de 227 mil vagas em novembro.

Porém, o dirigente do Fed ainda alertou que a força de trabalho do país pode ter um impacto significativo, dependendo do que acontecer com a imigração.

“Mais da metade do crescimento da força de trabalho veio de imigrantes, então as decisões políticas terão grande influência no futuro”, comentou Goolsbee. Sua expectativa é que, daqui a um ano, os juros estejam um pouco mais baixos que agora.

Payroll reforça expectativas de cautela do Fed em 2025

Os dados do payroll divulgados nesta sexta-feira (6) reforçam as previsões do mercado de que o Fed (Federal Reserve) deve ser mais cauteloso com as políticas monetárias em 2025, dizem analistas.

Em novembro, os EUA criaram 227 mil vagas de emprego, resultado que representa uma recuperação ante a geração de outubro, quando o país foi afetado por furacões e greves. Os destaques do mês foram os segmentos de lazer e hospitalidade, com 53 mil vagas a mais, e de manufatura, com 22 mil empregos.

“O resultado mostra que o mercado de trabalho americano segue resiliente e os salários estão em um ritmo ainda considerável“, ressalta o economista independente Maykon Douglas. Isto reforça preocupações com a possibilidade de inflação no ano que vem.

“Esses fatores, somados aos riscos oriundos das possíveis políticas econômicas do governo Trump, devem levar o Fed a ser mais cauteloso nos cortes de juros em 2025”, afirma Douglas.

Esses motivos também levam a expectativas de que os cortes no ano que vem passem a ser trimestrais e não a cada reunião, “com um Fed sendo um pouco mais cauteloso no afrouxamento da política monetária“, afirma o especialista da Valor Investimentos Virgílio Lage.

Por outro lado, o varejo apresentou o principal resultado negativo, com menos 28 mil vagas em novembro.