Disparada de preços dos alimentos deve seguir

O Ministério da Agricultura também negou que haja a redução de exportações durante a guerra entre Rússia e Ucrânia

O Ministério da Agricultura prevê que os preços dos alimentos vão continuar subindo e negou que haja uma a redução de exportações durante a guerra entre Rússia e Ucrânia, medida adotada por alguns países para aumentar estoques. As informações são da Folhapress.

Os principais grãos do Brasil têm reservas para até dois meses de consumo, concentradas no setor privado.

Para Sílvio Farnese, diretor de Comercialização e Abastecimento do ministério, o governo não tem como adotar medidas para conter a disparada dos preços. Nem como agir para elevar estoques.

“Temos como baixar os preços dos alimentos? Não. Aumentar os estoques nesse momento também só traria mais pressão de alta”, afirma. “Os preços estão elevados e a tendência é de alta. Mas o melhor remédio para preço alto é preço alto. É isso que incentiva a produção.”

De 2020 para cá,  alguns dos principais grãos produzidos, consumidos e exportados pelo Brasil aderiram aumentos superiores a 100%, casos de trigo, milho e soja. Arroz e feijão, básicos na alimentação, subiram entre 40% e 50%.

No entanto, a produção de grãos ainda não aumentou substancialmente. Ante a safra 2019/2020, a alta para a atual será inferior a 4% —considerando a colheita prevista, de 268,2 milhões de toneladas.

Mesmo antes do novo aumento, ao longo de 2021 e neste ano, quase 20 milhões de brasileiros, um Chile, declaravam passar 24 horas ou mais sem ter o que comer em alguns dias da semana.

No total, mais da metade (55%) dos brasileiros sofriam de algum tipo de insegurança alimentar (grave, moderada ou leve), segundo inquérito da Rede Penssan.

A situação vem piorando por conta da queda sustentada na renda nos últimos anos.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no trimestre de novembro de 2021 a janeiro deste ano, houve uma baixa no rendimento médio do trabalho. 

A renda real habitual foi estimada em R$ 2.489, menor valor para trimestres comparáveis na série histórica, iniciada em 2012.

Em termos relativos, taxa de desemprego (11,2%) e patamar de renda encontram-se bastante piores no Brasil do que nos países ricos. Como eles ainda têm “gordura” para absorver e sustentar alguma alta nos alimentos, pessoas mais pobres de países como o Brasil devem continuar sendo “espremidos” pela tendência de alta.