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Dólar avança enquanto mercado assiste ‘pé de guerra’ entre BC e Lula

Alta do dólar/ Foto: Freepik

O dólar tem registrado alta forte, e tanto o mercado financeiro como agentes políticos buscam um motivo real para esse avanço. Na sexta-feira (28), a moeda norte-americana fechou com alta de 1,66% frente ao real, cotada a R$ 5,59.

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O gráfico DXY fechou o pregão com alta de 0,04%, a US$ 105,86. O índice acompanha a força do dólar em relação a uma cesta das principais moedas globais.

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A alta do dólar, consequentemente, representa a desvalorização do real ante a moeda. O assunto tem gerado tanto desconforto que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou a declarar que as recentes altas da moeda são fruto de especulação com derivativos. A autoridade enfatizou que o BC (Banco Central) tem o dever de investigar essa situação.

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Já o diretor de política monetária do BC, Gabriel Galípolo, destacou, também na sexta-feira, que é preciso “acompanhar a desvalorização do real com atenção”.

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Em junho, o dólar acumula alta de 6,47% ante o real, ao passo que no trimestre o avanço é de 11,47%.

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Outro fator que impulsionou a moeda na sexta-feira foram as movimentações da taxa Ptax de fim de mês e de trimestre, também conhecida como a taxa de câmbio calculada pelo BC que se baseia em cotações do “mercado à vista”.

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Segundo informações do “Investing”, no final de cada mês, agentes financeiros realizam esforços para direcionar a taxa a patamares mais convenientes às suas posições, sejam vendidas (no sentido de baixa) ou compradas (no sentido de alta) em dólar.

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“Acredito que o dólar está sofrendo uma pressão compradora principalmente por parte do investidor estrangeiro, que logo no começo do mês montou uma posição comprada elevada no dólar futuro”, comentou o head de renda variável e sócio da A7 Capital, André Fernandes.

Mercado financeiro vê alta do dólar com cautela em meio a ‘pé de guerra’ entre Campos Neto e Lula

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Na perspectiva da economista da Nomos, Bruna Allemann, o mercado recebe a alta do dólar com cautela, especialmente com os recentes comentários do presidente Lula. A autoridade já fez críticas ao mercado financeiro.

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Além disso, o presidente Lula também chegou a comentar que a autonomia do BC é reflexo da instabilidade econômica e das incertezas políticas geradas pelo atual governo.

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“Esta incerteza é ampliada pelo fluxo recorde de saída de capital estrangeiro da B3, em busca de oportunidades de investimento com menos risco e juros mais altos no exterior”, explicou Allemann.

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Em defesa, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, declarou recentemente que as críticas do presidente Lula deixam o trabalho da instituição “mais difícil”.

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Assim, aliado a esse cenário nada atrativo e que gera pouca segurança para investidores, o mercado aguarda posicionamentos do governo em relação à política fiscal. Segundo a economista, a possibilidade de corte de gastos públicos “está se tornando uma realidade cada vez mais distante”.

Alta da moeda norte-americana frente ao real tem forte impacto na Bolsa e na economia brasileira

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“Esse processo de depreciação do câmbio dos últimos dias tem afetado, em parte, a Bolsa também no nível devido à aversão ao risco. Esse movimento gera uma abertura de juros”, explicou ao BP Money Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo.

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Segundo ele, essa abertura de juros tem um impacto negativo, especialmente em empresas ligadas “ao ciclo doméstico”, como bancos, varejo, consórcio civil, etc.

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Por outro lado, ele aponta que há companhias brasileiras que se beneficiam com a alta. Há negócios que têm receitas em dólar, como JBS (JBSS3), Gerdau (GGBR4), Suzano (SUZB3) e afins.

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Além disso, a economista Bruna Allemann apontou que, com a alta do dólar, a economia nacional deve sofre com os custos de produtos e serviços.

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Já no varejo, produtos que podem encarecer são alimentos, como itens importados, azeite de oliva, vinho e produtos gourmet.

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Allemann também aponta para o encarecimento de combustíveis. “O preço dos combustíveis está diretamente ligado à cotação do dólar, já que o petróleo é cotado em dólar no mercado internacional”, disse.

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“Empresas como a Petrobras, que importam petróleo bruto ou derivados, enfrentam aumento de custos, impactando suas margens de lucro e o preço final dos produtos refinados”, acrescentou.

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