Economia

Dólar emplaca altas e ultrapassa os R$ 5; entenda o motivo

Nos últimos 30 dias, a moeda americana avançou 3,74%

Ao longo de setembro o dólar tomou corpo, emplacou uma sequência de altas e ultrapassou a barreira dos R$ 5. Nos últimos 30 dias, a moeda americana avançou 3,74%, embora nesta quinta-feira (28), tenha caído 0,16%, cotada a R$ 5,04.

 O head de solutions da EQI Corretora, Alexandre Viotto, pontuou ao BP Money alguns motivos que podem explicar a repentina valorização do dólar frente ao real nas últimas semanas.

O especialista explica que a volatilidade nos preços das commodities influenciou no movimento. “O Brasil é um país que depende da exportação de itens primários. Sendo assim, a alta recente de itens como petróleo, minério de ferro, até mesmo a soja, tem trazido mais divisas para o país. Está aqui o principal motivo para a nossa moeda estar operando descolada dos pares lá de fora”, iniciou. 

Outro ponto que ele destaca em sua análise é a diminuição da diferença entre as taxas de juros praticadas no Brasil e nos EUA. Enquanto no cenário interno a escalada de queda já se iniciou, no exterior há dúvidas do quanto ainda pode subir.

“A diferença entre as taxas locais e as internacionais caiu bastante nos últimos meses. E pelo menos por hora, parece ser insuficiente para tirar investimentos estrangeiros daqui, pelo menos de forma mais intensa. Até mesmo porque, o Brasil tem hoje a quarta maior taxa de juro real do planeta”, avaliou. 

Nesta sexta-feira (29), o BC (Banco Central) vai divulgar o PTAX, principal taxa de referência do real por dólares americanos no Brasil. Viotto projeta que o movimento “natural” será de alta da moeda estrangeira, porém a intensidade tende a ser um pouco maior do que os dos últimos dias.

Barreira dos R$ 5

Nesta semana o dólar atingiu o seu maior patamar nos últimos quatro meses, superando a barreira dos R$ 5. Apesar do aumento, economistas ouvidos para o último Boletim Focus, do BC, acreditam que a moeda pode cair um pouco e deve chegar a R$ 4,95 ao fim de 2023. Já para 2024, a previsão é de R$ 5, de R$ 5,10 em 2025, e de R$ 5,19 em 2026.

 A gerente geral da be.smart Câmbio, Jaqueline Neo, diz que é muito difícil determinar se o patamar do dólar acima dos R$ 5 será o “novo normal” e por isso, no momento, não é possível fazer previsões definitivas sobre as taxas de câmbio no futuro.

“O novo normal em termos de taxas de câmbio pode mudar ao longo do tempo, à medida que as condições econômicas e políticas evoluem. Portanto, é difícil fazer previsões de longo prazo com certeza. Os investidores e empresas que dependem de taxas de câmbio devem acompanhar de perto os desenvolvimentos econômicos e políticos, bem como buscar orientação de especialistas em finanças e economia para tomar decisões informadas”, finalizou.