Economia

Dólar tem maior alta desde outubro e chega perto de R$ 5

Moeda americana atingiu pico de R$ 4,99 na sessão desta segunda

O dólar comercial fechou a sessão desta segunda-feira (22) com forte valorização de 1,23%, a R$ 4,98, com pico de R$ 4,99. Esta é a maior alta da moeda americana desde o dia 31 outubro de 2023, quando bateu em R$ 5,04.

A perda de valor do real ante a moeda estrangeira é reflexo da reação negativa do mercado com o anúncio da nova estratégia para a indústria anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Na visão do presidente, os R$ 300 bilhões anunciados pelo BNDES para financiamento à indústria representam um “alento” e encerram a discussão sobre a necessidade de recursos. Anteriormente, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, havia afirmado que a questão do financiamento estaria “equacionada”.

Analistas ouvidos pelo Broadcast chamam a atenção para o fato de o lançamento da nova política industrial ocorrer justamente no momento em que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, encontra obstáculos na agenda de recomposição de receitas – o que faz o cumprimento da meta fiscal de déficit primário zero neste ano parecer cada vez menos factível.

“A preocupação fiscal e a política industrial bilionária anunciada são fatores que deixam o mercado inseguro e colaboram para a nossa bolsa caminhar na contramão do exterior. A nova política industrial, com foco em incentivos fiscais para setores específicos, gerou preocupações entre investidores”, avaliou o especialista em mercado de capitais e sócio da AVG Capital, Lucas Almeida.

O Ibovespa também sentiu o baque causado pelo má repercussão da notícia. O principal índice acionário brasileiro fechou a sessão em queda de 0,82%, aos 126.586 pontos.

Lula: ‘Dinheiro não é mais problema’ para recuperar indústria

Ao apresentar a nova estratégia industrial do governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a questão financeira não é mais um obstáculo para a revitalização do parque industrial nacional. De acordo com o presidente, é dever do Estado financiar as exportações e garantir a proteção do conteúdo local.

Lula elogiou as propostas apresentadas por seus ministros, porém destacou que todos serão cobrados a transformar esses planos em ações concretas. “O problema não acaba aqui, ele começa aqui. Temos três anos pela frente e o objetivo aqui é, ao final desses três anos, a gente ter uma coisa concreta”, disse ele.

Na visão do presidente, os R$ 300 bilhões anunciados pelo BNDES para financiamento à indústria representam um “alento” e encerram a discussão sobre a necessidade de recursos. Anteriormente, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, havia afirmado que a questão do financiamento estaria “equacionada”.

“Nosso problema era dinheiro, e se dinheiro não é mais problema, então temos que resolver as coisas com muito mais facilidade”, afirmou Lula, antes de pedir que os empresários brasileiros “acreditem um pouco mais no Brasil”.

A visão contrasta um pouco com a perspectiva do setor privado. O vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Leonardo de Castro, presente à solenidade, afirmou apenas que o valor anunciado é “um bom começo” e mencionou cifras muito maiores disponibilizadas por governos de países desenvolvidos.

Lula enfatizou ainda a importância da participação do Estado no estímulo à indústria e às exportações. Segundo ele, apesar das discussões internacionais sobre a redução do protecionismo, este aumentou nos últimos anos, e muitos países defendem o livre comércio apenas na hora de vender seus produtos. “Na hora de comprar, protegem seus mercados como ninguém”, completou.

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