O dólar registrou a tão esperada queda no pregão de quarta-feira (3), após atingir máximas e chegar a um nível recorde desde 10 de janeiro de 2022, quando fechou o pregão a R$ 5,67.
Na sessão do primeiro dia de junho de 2024, o dólar fechou a R$ 5,65. Já na quarta-feira, a moeda encerrou o dia com queda de 1,75%, a R$ 5,56.
A queda se deu por fatores internos e externos. No Brasil, o mercado melhorou os ânimos com a notícia de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se encontraria com membros da área econômica do governo. A finalidade seria discutir cortes nos gastos governamentais.
Após a notícia da intenção de cortes nos gastos públicos, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou com alta de 0,70%, aos 125.661,89 pontos.
O movimento demonstra otimismo para o mercado. Contudo, o economista e investidor da Corano Capital, Bruno Corano, apontou que, enquanto não houver uma mudança palpável no tom do governo, especialmente em relação à conduta fiscal, o dólar assumirá uma “trajetória imprevisível”.
Segundo ele, o “dólar sobe de elevador, mas desce de escada”. “A moeda norte-americana chegou a R$ 5,80 ou até um pouco mais, no passado, e levou meses, praticamente mais de um ano, para retroceder”, comentou.
No cenário externo, nesta quarta-feira, a moeda norte-americana sofreu uma correção global, favorecendo as divisas de países emergentes. O movimento ocorreu após indicadores econômicos dos EUA apontarem para um enfraquecimento no mercado de trabalho e no setor de serviços do país.
Além disso, o economista e diretor de investimentos da Nomos, Beto Saadia, apontou que, mesmo com todo esse cenário, parte do mercado está recebendo as movimentações de forma cética.
O dólar pode chegar a R$ 6,00?
Ainda na perspectiva do diretor de investimentos da Nomos, a possibilidade do dólar chegar a R$ 6,00 está diretamente condicionada aos próximos passos do governo.
“O tempo está contra a economia e o governo, porque se ele mantiver tudo do jeito que está, sem uma medida concreta e rígida em relação a esse problema, o dólar continuará sua trajetória de alta”, disse ele.
Dessa forma, o especialista aponta que a situação requer mais atenção. “O governo precisa tomar uma atitude concreta para não só sinalizar, mas para executar algo que trave esse crescimento dos gastos obrigatórios”.
Além disso, o economista Bruno Corano também pontuou que o contexto político está sempre mudando, especialmente por ruídos referentes à economia. Nesse sentido, Corano sinalizou que é pouco provável que o dólar chegue a R$ 6,00.
“Não é que o cenário fiscal vai se deteriorar, mas o mercado passa a processar, de uma forma mais clara, as consequências de algo que já estava friamente anunciado”, concluiu.