A economia brasileira deve ter em 2021 um grau de ociosidade (relacionada ao quanto de capacidade produtiva não está em uso) média entre 4% e 6%, o que facilitará um crescimento para o país acima do seu potencial (movimento que não cria desequilíbrios, como inflação) de 0,9% estimado para 2022 e levemente superior a 1% para os dois anos sucessores.
As informações são de um estudo a ser publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e obtido previamente pelo Valor.
O material, batizado “Recuperação econômica e fechamento gradual do hiato: um exercício de consistência de médio e longo prazos”, indica que é necessário impulsionar os investimentos e os ganhos de produtividade para assegurar um desempenho mais forte. Se isso não for feito, o potencial de crescimento saudável será limitado.
O diretor de macroeconomia do Ipea, José Ronaldo Souza Junior, e o pesquisador associado do FGV Ibre, Fabio Giambiagi, são os autores do estudo. Eles ponderam que, com o prosseguimento de reformas e avanços na consolidação fiscal, o potencial de crescimento pode alcançar 3% no fim da década. Entretanto, pontuam que esse processo será mais lento do que ocorreu em outros momentos da história.
“Explicamos por que o padrão de recuperação do PIB potencial esperado para os próximos anos difere do verificado em ocasiões anteriores. Os números apresentados sugerem que o Brasil terá uma expansão modesta do PIB potencial no início da projeção, mas o crescimento da variável poderá se firmar progressivamente, com o aumento gradual da taxa de investimento e do crescimento da produtividade”, diz o texto.
“Não obstante o baixo crescimento inicial do PIB potencial, o grau de ociosidade existente permitiria um crescimento médio do PIB da ordem de 2,5% ao ano (a.a.) entre o ano-base de 2021 e o fim da década.”