Economia e Veganismo: como mundo seria impactado se a sociedade deixasse de consumir carne

Um cenário utópico onde o mundo todo seria vegano

Já é natural do ser humano consumir carne desde sempre. É uma cultura enraizada que já vem fazendo parte da história da sociedade há muito tempo.

Essa é uma realidade tão estrutural que não dá nem para imaginar uma sociedade utópica que todos deixassem de comer carne. No entanto, existem adeptos a esse estilo de vida.

O veganismo e o vegetarianismo são uma tendência que tem crescido bastante, o principal argumento é a luta a favor dos animais e a preocupação com o meio ambiente.

Como a economia seria impactada se o mundo deixasse de consumir carne?

Em um cenário onde toda a população mundial fosse vegana/vegetariana, primeiro geraria um impacto bem positivo para o clima e o meio ambiente. O desmatamento e a agropecuária respondem por 23% das emissões de gases de efeito estufa que refletem no aquecimento global. 

Atualmente, a indústria agropecuária é responsável por 7 bilhões de toneladas de gases do efeito estufa por ano. O impacto seria o mesmo que trocar todas as termelétricas no mundo por usinas de energia solar. O mundo também ganharia mais terras, pois um terço de toda área cultivada do planeta é para a criação de gado.

Além disso, um fator importante que vem sendo bastante discutido é a crise hídrica, através de um consumo de água que ninguém vê. Uma alimentação vegetariana consome de cinco a dez vezes menos água.

A Water Foot Print,  responsável por quantificar e mapear a “pegada hídrica”,  afirmou que para um quilo de carne bovina são consumidos mais de 15.000 litros de água.

Para a economia direta,  segundo o pesquisador da Universidade de Oxford, no Reino Unido, à BBC News Mundo, surgiriam novos tipos de empregos e mais alimentos à base de plantas, os custos de saúde gerados pelo alto consumo de carne e os associados às mudanças climáticas seriam reduzidos.

De acordo também com Tim Benton, diretor do Departamento de Energia, Meio Ambiente e Recursos do centro de estudos britânico Chatham House, a redução do setor de carnes afetaria o crescimento econômico, porém, poderia ser compensado com a produção de outros produtos. Além de pessoas mais saudáveis e avanços tecnológicos.
 
Em contrapartida, o Brasil é o maior exportador de carne bovina no mundo, o 2º maior de frango, o 4º de porcos e tem o segundo maior rebanho mundial de bovino. Com um mundo vegano, o país perderia cerca de 9% do Produto interno Bruto (PIB).

Estilo de vida que tem movimentado a economia

A principal fornecedora independente de pesquisa de mercado estratégico do mundo, a Euromonitor International divulgou dados que estimam que o faturamento de produtos vegetarianos e veganos cheguem a US$ 51 Bilhões (mais de R$ 260 bilhões na cotação atual).

Um relatório da Wedbush, gigante de investimentos norte-americana, apontou que alternativas de base vegetal representa mais de US$ 3,5 bilhões (cerca de R$ 17,8 bilhões) em vendas, incluindo diversos substitutos de carnes e laticínios.

No Brasil, segundo a Sociedade de Vegetarianos Brasileira (SVB), 14% da população se declara vegetariana. Em pesquisa realizada pelo IBOPE Inteligência, feita em abril de 2018, a porcentagem indica um crescimento de 75% em relação a 2012, ou seja, quase 30 milhões de brasileiros se declaram adeptos a esta opção alimentar,  um número maior do que as populações de toda a Austrália e Nova Zelândia juntas.

Esse crescimento está impactando o mercado vegetariano que fatura cerca de R$ 12,5 milhões anuais e o vegano que injeta R$ 2,8 milhões na economia brasileira a cada ano.

Não há no Brasil um cálculo específico do tamanho do mercado de produtos veganos, no entanto, a Associação Brasileira de Supermercado informou que a demanda por produtos vegetarianos é maior do que a oferta no país, com dados da Associação Franquia Sustentável indicando um faturamento de R$ 55 bilhões em 2015 no mercado de produtos naturais.

Também no Brasil, já existem cerca de 240 restaurantes vegetarianos e veganos, além de um estouro no crescimento de lançamentos de pratos e lanches veganos em restaurantes e lanchonetes não-vegetarianas.