Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, explica que o motivo dos investidores estrangeiros estarem voltando para o mercado de capitais nacional é porque o Brasil oferece boas oportunidades.
No ano, até o início de fevereiro, o Ibovespa subiu mais de 8% e o real se apreciou quase 6% em relação ao dólar, com a moeda americana recuando para menos de R$ 5,25. Esse retorno vem ocorrendo apesar do ritmo lento da economia e das ameaças de populismo fiscal do governo e do Congresso.
“Os estrangeiros estão voltando. E é fácil entender o porquê. Eles fizeram as contas e perceberam que o Brasil está barato. Basta comparar dois índices de ações. Nos Estados Unidos, o índice S&P 500 subiu cerca de 20% no ano passado. É muito, se pensarmos que foi uma alta em dólares. O Ibovespa caiu 10% e o dólar subiu ante o real. Qualquer investidor internacional que fizesse essa conta perceberia que há muitos ativos brasileiros, tanto ações quanto títulos de renda fixa, sendo negociados a preços muito descontados. O que prejudica isso é a inflação. Hoje, nosso maior risco é a inflação”, avalia o especialista.
Ele explica também que o fato não se dá na situação fiscal atual. “Por incrível que pareça a situação fiscal melhorou muito em 2021. Houve um forte aumento de arrecadação devido à elevação dos preços da gasolina e da energia elétrica”, disse.
Para Gala, a problemática se encontra na inflação e, ao mesmo tempo, pondera que a mesma está sendo combatida neste ano, ao citar que Banco Central (BC) está subindo os juros.
“A Ata do Copom publicada na terça-feira (8) foi bastante explícita. Ela informou que, para o mercado, o teto da Selic é de 12% ao ano, mas o BC fez questão de afirmar que os juros vão subir acima disso. Isso é um ajuste firme e que está sendo feito agora. Em 2023, qualquer que seja o novo presidente, ele vai receber um país cuja inflação está convergindo para a meta, o que facilita muito as coisas”, pondera.