Convergem analistas

Efeito Trump: preços de combustíveis no Brasil devem subir

A possibilidade de uma queda no valor da commodity preocupam o mercado. Analistas convergem que o Brasil terá mais prejuízo

Combustível
Combustível / Foto: reprodução/Marcelo Camargo

O efeito Trump de estímulo da exploração do petróleo interno nos EUA deixou o mercado internacional alerta. A possibilidade de uma queda no valor da commodity e uma crise de demanda trouxe preocupação. Contudo, analistas convergem que o Brasil terá mais prejuízo na crise.

Segundo a pesquisadora da PUC-SP, Cristina Mello, a matriz de distribuição de produtos no Brasil é fortemente baseada em diesel, portanto, isso pode encarecer bastante os preços de alimentos e de produtos no Brasil.

As reservas norte-americanas de petróleo atingiram nova máxima na última quarta-feira (29), com ameaças das tarifas do presidente Donald Trump no radar, o valor do petróleo Brent (referência mundial) fechou com alta de 0,4% a 76,87 dólares por barril.

Apesar de ser um dos 10 maiores produtores de petróleo no mundo, o Brasil vê a pressão sobre o preço aumentar com decisões da OPEP em resposta às promessas do republicano e o aumento do ICMS como medida de contenção interna.

Preços aumentando

A Petrobras já está defasada no preço dos combustíveis e tentando segurar os reajustes por questões internas. De acordo com o especialista Felipe Sant’Anna, o aumento de preços significa contratar mais inflação e isso eleva o custo político. 

“O governo ainda colabora com mais impostos, para tapar o rombo fiscal que o presidente Lula disse em coletiva, não existir. Quem paga por todo esse discurso esquizofrênico? O setor produtivo, o cidadão e principalmente o mais pobre, que demanda transporte público e frete”, afirma o analista.

O país já vem sofrendo com altas do diesel decorrentes das colheitas de safras agrícolas. Para o economista Alexandre Fermanian o cenário pode piorar:

“Se o petróleo subir no mercado internacional, o Brasil também sente o impacto, porque importamos parte do diesel que usamos. Isso significa que os preços nos postos podem continuar aumentando.”

Enquanto uns ganham, outros perdem

Segundo Mello, os países árabes já promoviam um aumento dos combustíveis no passado, o que pressionava a inflação. Trump tenta combater isso sabendo que tornar os bens acessíveis para consumo americano é urgente.

“É contraditório demandar uma redução de preços dos países árabes e simultaneamente sobretaxar Canadá e México. Isso pode causar um impacto negativo nessas economias e, portanto, é provável que eles se mobilizem para reagir, fazendo com que os preços subam”, destaca a economista.

De acordo com Fermanian, o país pode ganhar com a alta exportando óleo bruto, aumentando a arrecadação do governo e gerando lucro para a Petrobras. “Por outro lado, setores que dependem do diesel e da gasolina, como transporte e agricultura, podem sofrer com o aumento dos custos. Então, enquanto uns ganham, outros perdem.”