A percepção de que investidores em economia verde tendem a mirar o médio e longo prazos sustenta a avaliação de que o chamado “efeito Trump” sobre projetos sustentáveis deve ser apenas um choque temporário.
Ainda assim, especialistas apontam preocupação com a retração de bancos em alianças climáticas globais.
A Net-Zero Banking Alliance (NZBA) sofreu baixas no início de 2025, com a saída de gigantes como Goldman Sachs e Wells Fargo.
Permanecem também dúvidas sobre o posicionamento de organismos multilaterais, como Banco Mundial, BID e FMI, diante da política externa dos EUA.
Brasil em destaque
Apesar das incertezas, o investimento em economia verde é tratado como necessidade econômica, e não apenas como meta climática.
Segundo José Niemeyer, professor de Relações Internacionais do Ibmec, o Brasil deve avançar em bioeconomia e hidrogênio verde, além de consolidar sua posição no setor agrícola.
“A economia verde está cada vez mais ligada à realidade brasileira”, disse.
Para Arthur Ramos, sócio do Boston Consulting Group (BCG), o país tende a ser apresentado como “hub de soluções climáticas”, graças à matriz energética limpa, custo competitivo e avanços regulatórios recentes, como a lei do combustível do futuro, que amplia a produção de biocombustíveis e SAF (combustível sustentável de aviação).
Potencial de trilhões
Um estudo lançado nesta semana identificou 159 mecanismos financeiros e 111 instituições atuando no financiamento da bioeconomia na Amazônia Legal.
O relatório, elaborado por ABDE, Uma Concertação pela Amazônia, Frankfurt School e AFD, recomenda a criação de uma estratégia nacional para articular crédito público, privado e filantrópico, além de superar entraves logísticos, fundiários e de custo do capital.
De acordo com o BCG, o Brasil pode atrair entre US$ 2,6 trilhões e US$ 3 trilhões em investimentos se cumprir o compromisso de zerar emissões líquidas até 2050.
Ramos, que organiza o Brazil Climate Summit, em 19 de setembro, em Nova York, ressalta que o objetivo é mostrar o país como polo global de produtos industriais verdes.
“Se a prioridade global é reduzir emissões, as soluções mais rápidas estão no Brasil, biomassa, biometano e alternativas para corte de carbono”, conclui.