Economia

Eletrobras (ELET3) se prepara para transição e afasta reestatização

Especialistas ouvidos pela BP Money projetaram que a Eletrobras deve alcançar um novo patamar em seus negócios

Na última sexta-feira (15), a Eletrobras (ELET3) surpreendeu o mercado e anunciou a captação de R$ 7 bilhões de debêntures, numa das maiores operações da história do País.

Desde então, investidores de todo o Brasil estão de olho nos próximos passos da companhia. Especialistas ouvidos pela BP Money projetaram que a Eletrobras deve alcançar um novo patamar em seus negócios, acelerando sua transição energética e afastando de vez o risco de reestatização, cogitada pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“A Eletrobras, em seu Plano Estratégico 2023 – 2027, apresentado no início do ano, mostrou claramente o seu objetivo e foco em questões ambientais com direcionamentos para o fortalecimento do seu portfólio hídrico, que visa aumentar a oferta de energia renovável. A Eletrobras busca liderar globalmente a criação de valor com infraestrutura e soluções renováveis e de baixa emissão de gases de efeito estufa”, afirmou o Head de Produtos da InvestSmart XP, Walter Fogolin.

O especialista em investimentos e finanças, Hulisses Dias, também demonstra otimismo com o movimento da Eletrobras. Para ele, com o processo de privatização, a empresa tornou seus contratos de concessões mais flexíveis, o que ajuda na obtenção de novos negócios

“Com esse movimento, a empresa se beneficia da dinâmica de preços a partir da venda de energia no mercado livre, que ganhará tração nos próximos anos. A empresa já tornou pública a intenção de investir, além das energias renováveis e da transmissão, em tecnologias com uso de IA e blockchain e armazenamento de energia. Na transição energética, os reservatórios das usinas hidrelétricas da Eletrobras deverão assumir papel estratégico”, projetou.

Reestatização mais difícil

No início do seu terceiro mandato, Lula teceu duras críticas contra a privatização da Eletrobras, indicando que buscaria alternativas para reestatizar a companhia.

“Foi feito quase que uma bandidagem para que o governo não volte a adquirir maioria na Eletrobras. Nós, inclusive, possivelmente o advogado-geral da União, [ele] vai entrar na Justiça para que a gente possa rever esse contrato leonino contra o governo”, disse Lula em fevereiro.

Porém, apesar da vontade do presidente, o tema foi esfriando, muito por conta do valor que o governo teria que desembolsar para ter de a empresa de volta ao seu comando. Especialistas estimam que a quantia seria algo em torno dos R$ 200 bilhões

Em maio, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, declarou que a tema “não estava em pauta” naquele momento e que o governo decidiu pelo segundo caminho, que era ter participação efetiva, ampliando o poder de voto da União na Eletrobras.

Para o analista de investimentos do AndBank, Fernando Bresciani, o melhor para a companhia de energia é se manter privatizada e ficar bem longe de qualquer ingerência estatal.

“A empresa ela está num processo de reestruturação, está mais lento do que o esperado, o PDV dela está andando de forma mais lenta, mas é necessário que uma empresa privada faça o PDV, revise contratos, estabeleça metas, porque ela deixa de ter uma interferência estatal para ser uma empresa privada voltada basicamente para lucros e ser referência em serviços. Eu tenho certeza de que a Eletrobras vai conseguir isso. Ela andou meio enterrada com o governo tentando forçar algumas coisas. A verdade é que a empresa foi privatizada e a multa para estatização é absurda. Então é melhor deixar a Eletrobras seguir o caminho dela, entregar resultados e fazer todos os benefícios que ela quer fazer pelo País”, avaliou o analista.

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