SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Cortar custos dentro de uma empresa nem sempre depende só da atenção do empreendedor. Há casos em que a tarefa de identificar desperdícios e eliminar gastos desnecessários exige a expertise de profissionais.
À frente de uma consultoria em Florianópolis (SC), o engenheiro de produção Flávio Luís de Souza Lima, 44, foi diversas vezes contratado pelo Sebrae para organizar a gestão de pequenas empresas ?em 15 anos, foram mais de mil clientes atendidos.
Ao longo desse tempo, ele notou que havia um nicho promissor a ser explorado. “Além de gerenciar custos, eu ajudava empresas a eliminar desperdícios e precificar corretamente seus produtos e serviços”, conta Lima.
Assim, em 2017, ele teve a ideia de criar a ReduzaCusto. Em quatro anos de atuação, a ferramenta permitiu que os clientes cortassem mais de R$ 7 milhões em despesas desnecessárias, afirma Lima. Empresas de pequeno porte, que raramente têm profissionais dedicados à gestão de gastos, representam cerca de 80% da clientela.
Por um plano básico, a partir de R$ 250 mensais, a ferramenta permite analisar o custo de produção, mensurar o desperdício de cada item separadamente, comparar setores da empresa e simular melhorias no processo.
A alimentação de dados deve ser periódica. “Informações como salários e despesas fixas devem ser atualizadas mensalmente”, explica o criador da ferramenta.
Também é possível contratar o serviço de controladoria remota e deixar esse trabalho a cargo da ReduzaCusto. “Nossa equipe ajuda a fechar o mês, entender os custos e decidir se vale a pena aumentar um preço, por exemplo. Cerca de 70% dos clientes contratam esse serviço, porque não dispõem de tempo para gerenciar o software.”
A BrasilRad, empresa especializada em controle de qualidade de equipamentos radiológicos, é cliente da ReduzaCusto há pouco mais de um ano e meio.
Como a equipe de 20 funcionários passa boa parte do ano viajando para visitar clientes, a companhia contratou a ferramenta para enxugar as despesas relacionadas a transporte ?só de combustível, o gasto anual da BrasilRad chegava a R$ 100 mil.
Bastou usar o software uma vez para descobrir que retornos desnecessários aos clientes correspondiam a 9% do custo operacional.
“Desde então, conseguimos economizar até 8% do faturamento anual, o que é muita coisa para uma empresa de prestação de serviço, que trabalha com margem pequena”, afirma Walmoli Gerber Junior, 40, fundador da BrasilRad.
Criada em 2005, a paulistana Wappa é outra empresa que tem como objetivo ajudar outros negócios a cortar custos. No início, a plataforma contemplava várias linhas de despesas, sobretudo benefícios concedidos a colaboradores, como vale-refeição.
Com o passar dos anos, porém, o fundador Armindo Freitas Mota Junior, 43, resolveu focar uma dor comum a várias empresas: as despesas com táxi. “Na época, os métodos usados eram o famoso voucher de papel e o reembolso, que não permitiam um controle adequado e ainda davam margem para fraudes”, lembra Mota.
Lançado em 2010, o aplicativo Wappa atua em 2.500 cidades, tem 120 mil motoristas cadastrados e contabiliza 10 mil clientes, sendo que 27% deles são pequenos negócios. Em 2017, a partir da aquisição da ferramenta VaiMoto, incorporou o serviço de motoboys à plataforma.
Os usuários não pagam nada pelo serviço. A Wappa cobra, dos motoristas e motoboys, 20% de comissão por corrida. Eles recebem no dia seguinte, embora a empresa contratante só faça o pagamento à Wappa 40 dias depois.
O usuário pode definir previamente um orçamento para transporte, controlar trajetos e o consumo de cada colaborador separadamente. Além disso, faz a gestão dos reembolsos, eliminando o vaivém de comprovantes em papel ?o funcionário fotografa a nota e a envia ao gestor.
“Em média, nossos clientes economizam de 30% a 40% nas verbas de transporte. Isso é dinheiro em caixa no fim do mês”, diz Mota.
Ele tem planos ambiciosos para a empresa, que hoje tem 80 funcionários. Mota acaba de lançar a conta digital Wappa para motoboys e motoristas. Também pretende oferecer seguros com preços mais competitivos e, em breve, atuar em outros segmentos. “Talvez a gente avance para os setores de transporte aéreo e hospedagem”, afirma.