Reestruturação

Empresas de café pedem recuperação judicial por passivo de R$ 2,13 bi

A medida vem de uma crise econômico-financeira que resultou do número expressivo de rolagens de café e inadimplências de produtores

Foto: CanvaPro
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Em nota divulgada na última sexta-feira (28), a Atlântica Exportação e Importação, Cafebras, Montesanto Tavares Group Participações e Companhia Mineira de Investimento em Café afirmaram ter apresentado um pedido de recuperação judicial com objetivo de reestruturar um passivo total de R$2,13 bilhões.

As empresas afirmaram, em processo distribuído à 2ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte, que a medida vem de uma crise econômico-financeira que resultou, sobretudo, do número expressivo de rolagens (prorrogação do prazo de entrega) de café e inadimplências de produtores.

As tradings Atlântica Coffee e Cafebras, do grupo Montesanto Tavares, já tinham protocolado na Justiça, em novembro passado, um pedido para abertura de negociação com seus credores, frente à escalada dos preços do café, que atingiram patamares recordes recentemente.

Além disso, as empresas também indicaram que a situação se agravou pelas recentes altas no preço do café e pela desvalorização do real em relação ao dólar.

“As recuperandas sempre prezaram pelo respeito aos compromissos assumidos e pela perseverança, empenhando-se em atuar com excelência na entrega de seus produtos e serviços. O pedido de recuperação judicial formulado está alinhado a esses valores e, sem qualquer dúvida, servirá para que as dificuldades financeiras sejam superadas”, afirmaram.

Por fim, as companhias de café reiteram o seu “compromisso” com seus colaboradores, clientes, produtores e credor.

Café ‘fake’ e solúvel entram na rota do consumidor com alta dos preços

O aumento nos preços do café, que já chega ao patamar de R$ 50,00 o quilo nos supermercados, chamou a atenção do consumidor brasileiro para outras opções. Entre elas estão o “café fake” — produto que imita o café tradicional, mas não contém grãos de Coffea em sua composição — e o café solúvel.

Os preços do café podem subir até 25% nos próximos meses, segundo a Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café). Em 2024, o café tradicional fechou a R$ 48,90, alta de 39% em relação a 2023. A escalada dos preços desde 2020 é impulsionada por problemas climáticos, crescimento da demanda global e fatores geopolíticos.

Apesar de atraentes pelo preço mais baixo, os cafés fakes são vistos como ilegais. Segundo a Abic, esses produtos contêm impurezas e misturas de vegetais como cevada e milho, sem passar por certificação de pureza. A legislação brasileira determina que apenas bebidas feitas exclusivamente com grãos de café podem ser vendidas como tal.

“É um produto fraudulento que não passou por nenhuma certificação de pureza e qualidade e que não respeita a legislação do Ministério da Agricultura. Não há garantia sobre a sua composição, não é um alimento seguro. É uma enganação ao bolso e até mesmo um perigo à saúde do consumidor”, diz Celírio Inácio, diretor-executivo da Abic, de acordo com a Exame.

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