Nos últimos 18 meses, muitas empresas começaram a reavaliar seriamente suas promessas e compromissos referentes à sustentabilidade. O movimento se relaciona tanto a questões ambientais quanto a questões sociais.
Por exemplo, em junho de 2024, a Tractor Supply Co., uma empresa do mercado de varejo de produtos para agricultura, pecuária e cuidados com animais de estimação avaliada em US$ 14 bilhões, anunciou que estava eliminando departamentos dedicados à diversidade, equidade e inclusão, além de revogar suas metas de emissões de carbono.
Essas alterações coincidem com o retrocesso corporativo em uma série de metas de sustentabilidade.
Apesar de cada empresa ter suas peculiaridades, um conjunto comum de fatores explica essas mudanças recentes. Um dos motivos é que as companhias não esperavam que os custos fossem tão elevados para desenvolver e aplicar as práticas voltadas à sustentabilidade.
Por exemplo, que valor deve ser atribuído à prevenção de danos ou à recuperação resultante do investimento em auditorias de conformidade da cadeia de fornecimento? Ou como um CFO deve quantificar o valor de evitar um futuro imposto sobre carbono ou os benefícios de recrutamento e retenção de uma empresa sustentável?
Além disso, muitas das metas eram irrealistas desde o início. “As empresas se comprometeram com metas agressivas sem fazer a lição de casa”, disse, de acordo com o “IndoMoney”, o chefe de sustentabilidade e CEO da Unilever, Hein Schumacher.
“Quando foram estabelecidas as metas iniciais, é possível que tenhamos subestimado a escala e a complexidade necessárias para alcançá-las”, acrescentou.
Energia renovável: balanços de empresas sofrem com ‘curtailment’
Produtores de energia eólica e solar no Brasil alertaram que estão reavaliando investimentos no país após o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) limitar repentinamente a quantidade de energia que poderia ser oferecida em 2023. O movimento reduziu os lucros das companhias, e analistas ouvidos pelo BP Money apontam que as perdas “aparecem” nos “balanços das empresas”.
“Já estamos vendo esse fenômeno há algum tempo. Isso é negativo para os geradores. Conseguimos já ver aqui nos balanços das empresas. Esses casos de interrupção de energia sempre são citados. E o grande ponto aqui é que não há muito o que as empresas possam fazer”, disse o analista da Equity Research da Ativa, Ilan Arbetman.
Assim, os de analistas sinalizaram que esse é um problema estrutural. Segundo eles, há mais oferta do que demanda, e isso gera o “curtailment”. Ou seja, um corte ou redução deliberada da produção dos geradores de energia, impedido a produção plena da companhia.