As empresas estão revendo seus planos de captação com debêntures no começo de 2025 em razão das incertezas sobre o equilíbrio fiscal do país e a taxa Selic, avaliaram bancos de investimento ouvidos pelo “Valor”. De acordo com esses agentes, as companhias que puderem esperar devem fazer uma pausa nessas emissões.
Porém, observam que o momento não é de pânico, mas também não é de urgência para novas ofertas.
Devem seguir com as emissões as empresas de infraestrutura, que trabalham com projetos e prazos, portanto precisam cumprir prazos; e as companhias com vencimentos próximos. Nesses casos, as empresas devem tentar diminuir os impactos dos juros baixos com estratégias como diminuir o volume ou o prazo das emissões.
Debêntures incentivadas batem recorde de R$ 120 bi em emissões no ano
Através das debêntures incentivadas, as empresas captaram o valor recorde de R$ 120,3 bilhões de janeiro a novembro, segundo dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
Esse número representa um crescimento de 77,4% em relação ao montante registrado em todo o ano de 2023 (R$ 67,8 bilhões). Em novembro, as ofertas somaram R$ 8,5 bilhões.
Em 2024, as debêntures incentivadas tiveram os melhores resultados desde 2011, quando foram criadas pela Lei 12.431, segundo o “Valor”. Além disso, o mercado secundário ficou mais líquido no ano e deve continuar com resultados positivos em 2025.
No acumulado do período, o setor de Energia Elétrica continua liderando no ranking de debêntures emitidas, concentrando 39,4% do volume total, seguido por Transportes e Logística (23,5%) e Saneamento (10,1%).
O setor de Mineração entra na categoria Outros, que este ano responde por 9,2% das emissões, destacou a Anbima ao relembrar uma operação da Vale em novembro. O prazo médio dos papéis alcançou 12,6 anos no período, superando a média de 7,8 anos observada nas debêntures em geral (com e sem benefício fiscal).
Em paralelo a isso, as debêntures incentivadas do mercado secundário, alcançaram o volume recorde de R$ 254,7 bilhões, quase o dobro (crescimento de 97,3%) em relação ao registrado em 2023 completo.
“Os resultados mostram a evolução desse instrumento ao longo dos anos, atraindo cada vez mais empresas e investidores em uma trajetória sustentável, e ganhando cada vez mais importância na matriz de financiamento dos investimentos em infraestrutura”, afirmou Cristiano Cury, coordenador da comissão de renda fixa da Anbima, em nota, segundo o veículo de notícias.