Em reunião extraordinária realizada nesta quinta-feira (6), o CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico) decidiu criar um grupo de trabalho para tratar de medidas para reduzir os cortes de geração de energia renovável.
A geração de energia a partir dessas fontes aumentaram significativamente no ano passado e levaram a um desperdício de oferta eólica e solar.
As ações do grupo serão voltadas para ampliação e reforços da da rede de transmissão de energia, indicação de novos compensadores síncronos para a região Nordeste, antecipação de obras de linhas de transmissão, entre outras medidas, informou o Ministério de Minas e Energia.
A Secretaria de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia será responsável por coordenar o grupo, com participação conjunta de outras secretarias da pasta.
Além disso, a agência reguladora Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a Empresa de Pesquisa Energética, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) e a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica também farão parte do grupo.
Devido às restrições do sistema elétrico brasileir, a expectativa das geradoras de energia esperam enfrentar mais um ano de cortes elevados da produção de suas usinas eólicas e solares, um problema que se agravou no ano passado e que exige uma solução de curto prazo para estancar perdas financeiras, afirmam executivos de empresas.
Setor de energia: futuro é promissor, mas ganhos devem sofrer aperto
Ponto firme do Ibovespa nos momentos de maior crise, os papéis das empresas de energia elétrica podem ter de enfrentar um novo obstáculo nos lucros esse ano. Isto porque, o impasse vivido entre as geradoras e as agências de regulação do setor tende a afetar os ganhos, conforme indicado por especialistas.
Esse impasse nasceu a partir dos cortes de geração de energia realizados pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), no ano passado, essas interrupções em 1.445 usinas de energia eólicas e solares totalizaram 400 mil horas – equivalentes a 50 anos de geração elétrica. Um estudo da Volt Robotics, indicou que isso representa, na prática, um prejuízo financeiro superior a R$ 1,6 bilhão.
Para indenizar as perdas com esses desligamentos, os geradores querem aumentar a conta de luz dos brasileiros, o que a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) considera irrazoável.
“As empresas do setor de energia listadas na bolsa podem enfrentar desafios diante dessa situação. A imprevisibilidade na geração e os potenciais prejuízos financeiros podem afetar diretamente suas receitas e, consequentemente, o valor de suas ações”, disse Fábio Louzada, economista e sócio-fundador da Eu me banco Educação.
Além disso, os estímulos aos investimentos nos projetos de energia renovável das empresas do setor também correm riscos, com a incerteza regulatória e os conflitos judiciais. Na visão de Louzada, isso pode afetar o crescimento e a competitividade dessas companhias no mercado acionário.
“Investidores podem se tornar mais cautelosos, exigindo retornos mais altos para compensar os riscos percebidos, o que pode aumentar o custo de capital para essas empresas”, prosseguiu.