A redução dos estímulos fiscais, ou tapering, nos Estados Unidos é um tema muito debatido, em específico a recompra de títulos por parte do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA). Na sexta-feira (27) o presidente do Fed, Jerome Powell, falou um pouco sobre como será o processo da redução desses estímulos.
Em discurso durante o simpósio em Jackson Hole, Powell declarou que a política de recompra de títulos do Fed deve ser expansionista, contudo, pode começar a ser reduzida ainda este ano.
A aplicação do tapering será gradual, o que anima investidores que já o aguardavam. O movimento pode trazer sinais de desaceleração na economia e uma possível diminuição na inflação norte-americana, que vem apresentando inúmeras oscilações.
“A inflação aumenta devido a alguns motivos e, claro que a liquidez injetada [recompra de títulos] é um dos motivos. Porém, um dos maiores foi a dissolução da cadeia, de várias cadeias”, explica Pedro Queiroz, head de renda variável da BP Money.
Powell também mencionou a variante Delta da Covid-19 e como ela pode afetar o crescimento econômico do país.
Os países que mais sofrem com a variante são os asiáticos, mas em termos de mercado, a pandemia fez com que a mão de obra fosse reduzida nas indústrias da região e isso ocorre num momento em que a demanda pelos produtos só cresce.
“A variante Delta está atrapalhando as economias e é um dos motivos para o Fed ainda manter o ‘temporary’, porque a variante Delta está impactando mais os países asiáticos”.
Para contextualizar, o setor de tecnologia tem enfrentado uma crise decorrente da escassez mundial de chips, que são produzidos, em sua maioria, em países asiáticos. A Malásia está enfrentando uma nova onda da Covid-19 e isso deve prolongar essa ausência do semicondutor por mais um ano.
Queiroz trouxe o exemplo das fabricantes de automóveis: “Muitas empresas que produzem carros não conseguem mais porque falta um micro condutor, pois a cadeia foi quebrada durante a pandemia, então isso gera uma inflação. A inflação é de demanda e existe uma muito grande e em meio a uma oferta muito pequena.”
A partir daí pode-se perceber que tanto a escassez quanto a inflação norte-americana impactam o Brasil. Os chips são utilizados para a fabricação de carros, eletrônicos, celulares, TVs, eletrodomésticos, entre outros. A escassez do semicondutor, a desvalorização do real brasileiro somados a impostos e inflação faz com que o consumidor pague bem mais caro.
Um estudo do IDC Brasil apontou que no primeiro trimestre de 2021 houve um crescimento de 19,7% no número de vendas de PCs e eletrônicos. O crescimento foi motivado pela implementação do home office e das atividades remotas em geral
Contudo, da mesma forma que o número de vendas cresce, o preço também aumentou em cerca de 20%. O valor médio de notebooks, que era de R$ 3.692, foi para R$ 4.450.