Prejuízos aos exportadores

Estados do Norte/Nordeste são mais vulneráveis ao tarifaço

Ranking organizado pela FGV Ibre revela quais estados estão sendo mais afetados pelo tarifaço imposto por Trump aos produtos brasileiros

Foto: Divulgação Agência Gov
Foto: Divulgação Agência Gov

Ceará, Alagoas, Paraíba, Amapá e Acre são os estados com maior vulnerabilidade ao tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos brasileiros.

Foi o que revelou um levantamento organizado pelo Centro de Estudos para o Desenvolvimento do Nordeste do FGV Ibre, e divulgado nesta quarta-feira (27).

Segundo a jornalista Miriam Leitão, do jornal O Globo, o resultado do estudo reforçaria a vulnerabilidade estrutural de economias pequenas, mas altamente dependentes de um único destino para as suas exportações.

O levantamento realizado pelo FGV Ibre lista os estados brasileiros em três grandes grupos em relação à sua posição diante do tarifaço: alta, média e baixa vulnerabilidade.

Para elaborar o indicador, foram consideradas três dimensões fundamentais: o percentual não isento de tarifas, o grau de exposição ao mercado americano na pauta exportadora de cada estado e o nível de concentração setorial.

O ranking formulado pelo FGV Ibre mostra que, enquanto estados maiores, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, possuem exportações diversificadas e maior fatia isenta, pequenos estados dependem fortemente de nichos específicos.

Essa situação é verificada em relação à dependência do Ceará de exportação de produtos como ferro e aço (67%), Alagoas com o açúcar (96,5%), assim como a Paraíba (56,3%), além de produtos lácteos no Amapá (65,7%) e castanha-do-pará no Acre (60,7%), que agora enfrentam sobretaxa.

“Essa concentração amplia o risco de perdas proporcionais mais severas, com impacto direto sobre empresas locais, emprego e arrecadação”, explica o estudo.

Tarifaço de Trump pesa para exportações do Ceará

O estudo mostra que o Ceará é o campeão do ranking de vulnerabilidade. O estado recebeu a maior nota dentre os critérios formulados para avaliar o quanto o tarifaço imposto por Trump está prejudicando as exportações cearenses.

Depois, na ordem dos que estão no topo da fila daqueles estados que possuem alto grau de vulnerabilidade, estão Alagoas (2º), Paraíba (3º), Amapá (4º) e Acre (5º).

Na sequência, o estudo FGV Ibre classifica dez estados como dentro do grupo dos que possuem média vulnerabilidade aos efeitos do tarifaço norte-americano.

Paraná, Pernambuco, Santa Catarina, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Minas Gerais, Bahia e Amazonas estão neste segundo grupo.

Os pesquisadores responsáveis pelo estudo afirmam que neste grupo estão os estados que combinam algum nível de exposição relativa ou volume expressivo de exportações com condições de mitigação parcial via diversificação setorial, ou isenção intermediária.

Paraná e Santa Catarina, que juntos respondem por mais de US$ 3,3 bilhões das exportações para o mercado americano, têm, por exemplo, um índice de isenção da pauta muito pequeno, 4% e 17%, respectivamente, o que vai levar a perdas substanciais no curto prazo, apesar da pauta diversificada dos dois estados.

Já o Amazonas foi beneficiado pela inclusão de 42% das suas exportações na lista de exceções americana, o que, destaca o estudo, não elimina sua vulnerabilidade.

Já no caso de São Paulo, apesar de ser o maior exportador absoluto para os Estados Unidos (US$ 13,57 bilhões), o estado tem sua vulnerabilidade reduzida pelo baixo índice de concentração da sua pauta e pela isenção de 44,1% do volume exportado, o que dilui os efeitos do tarifaço.

Estados listados como de baixa vulnerabilidade

No bloco de estados classificados como de baixa vulnerabilidade, há três características predominantes: elevada taxa de isenção, exposição controlada ou elevada diversificação.

Entre esses estados do bloco menos vulnerável estão o Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Sergipe e Maranhão.

O Rio de Janeiro, além de uma pauta concentrada em produtos de maior valor agregado, menos suscetíveis a retrações abruptas, teve 67,6% excluída da sobretaxa americana.

Estado com maior resiliência ao tarifaço, o Maranhão tem 90,9% das exportações para os EUA isentas, neutralizando praticamente o impacto tarifário.

Para evitar distorções analíticas, foram excluídos do ranking os estados com exposição inferior a 5% da sua pauta total aos EUA — caso de Tocantins, Rondônia, Roraima, Piauí, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Pará.