Os investidores estrangeiros apresentaram saídas líquidas da bolsa brasileira pelo quinto mês consecutivo em maio, igualando a maior sequência de saques mensais da categoria desde 2021. As informações são do levantamento do “Valor Data”.
A B3 (B3SA3) divulgou nesta terça-feira (4) que os não residentes encerraram o mês de maio com um déficit de R$ 1,63 bilhão no mercado secundário (papéis já em circulação), gerando um saldo negativo de 2024 para R$ 35,89 bilhões.
“A sequência de saques no mercado de ações do Brasil por estrangeiros parece ser causada por uma combinação de fatores locais e globais”, afirmou, de acordo com o “Valor”, o economista-chefe para América Latina da Pantheon Macroeconomics, Andres Abadia.
No âmbito global, ele menciona o crescimento dos juros norte-americanos de mercado nos últimos meses, que afeta a atratividade de todos os ativos de países emergentes.
Desde o início de 2024, o mercado tem apostado em uma postura cada vez mais conservadora do Fed (Federal Reserve), Banco Central dos EUA, adiando as expectativas para o início da flexibilização monetária do país e apostando em um número cada vez menor de cortes nos juros.
Com isso, os títulos do Tesouro norte-americano passaram a remunerar mais. E como eles já são considerados um investimento seguro em todo o mundo, a atratividade dos ativos acaba afastando recursos de outros países vistos como mais arriscados.
Na perspectiva de Abadia, “a alta correlação entre o Ibovespa e os Treasuries americanos sugere que o fluxo estrangeiro para as ações do Brasil pode continuar discreto mesmo se o Fed começar a cortar juros, já que o sentimento de risco global continuaria sendo um gatilho importante”.
Segundo o especialista, a Pantheon espera que o Fed inicie o corte nas taxas de juros em setembro deste ano.
XP: Investidores estrangeiros vendem R$ 11 bi em ações brasileiras
A XP Investimentos publicou um relatório na última sexta-feira (17) que apontava que, em abril de 2024, investidores brasileiros venderam R$ 11,1 bilhões em ações brasileiras. Segundo a casa, o movimento reflete um cenário macroeconômico desfavorável.
Em contrapartida, segundo a XP, os negócios nacionais seguiram com a tendência de compra: os institucionais consideraram um fluxo positivo de R$ 4,7 bilhões e os investidores físicos investiram R$ 4,1 bilhões no mesmo período.
O relatório mostrou que fatores como ajustes nas expectativas de cortes de juros nos EUA, conflitos no Oriente Médio e incertezas macroeconômicas domésticas deram força para esse cenário. No entanto, em maio, o fluxo de capital estrangeiro retornou ao patamar positivo, acumulando R$ 1,6 bilhão em ações.