Os dados do varejo dos EUA, divulgados nesta terça-feira (18), vieram abaixo das expectativas do mercado. O resultado foi de crescimento de 0,1% em maio, contra a projeção de 0,2% do consenso LSEG de analistas.
Além disso, o dado referente ao mês de abril foi revisado para baixo. Antes, o resultado indicou estabilidade, mas foi ajustado para queda de 0,2% ante março.
As informações, apontam especialistas ouvidos pelo BP Money, são animadoras para a possibilidade de corte de juros no segundo semestre. Paulo Gala, economista-chefe do banco Master, afirma que os resultados indicam atividade mais fraca nos EUA.
“A gente vem em uma sequência, desde a semana passada, de dados mais amenos, de CPI de inflação mais fraca, de PPI em deflação, de pedidos de seguro-desemprego mais fortes. Isso, por incrível que pareça, provoca um rali nas bolsas, as bolsas americanas voltaram a atingir a máxima história”, destacou Paulo Gala.
Jefferson Laatus, estrategista-chefe da Laatus, reforça que a desaceleração da atividade do setor é positivo para o controle da inflação. “Isso anima bastante o mercado e é bem provável que haja um corte de juros em setembro e outro em dezembro”, disse Laatus.
Apesar de sinal verde com varejo, cenário para corte de juros ainda é nublado, diz especialista
Embora os dados abaixo do esperado do varejo norte-americano indiquem uma economia ainda em recuperação, Fabio Murad, sócio da Ipê Investimentos, chama atenção para o fato de que a decisão do Fed sobre os cortes de juros é baseada em outros indicadores.
“A decisão não é baseada apenas no desempenho do varejo, mas em uma série de indicadores econômicos, incluindo emprego, inflação e crescimento do PIB. Além disso, o Fed também considerará as projeções econômicas futuras”, destacou Murad.
Segundo o especialista, portanto, ainda é “cedo” para determinar se haverá corte de juros nos próximos meses.
Dados da produção industrial são balde de água fria?
Logo após a divulgação dos dados do varejo, o Fed divulgou que a produção industrial norte americana cresceu 0,9% em maio, acima da expectativa de 0,3%.
A alta, afinal, é um balde de água fria nas expectativas para corte de juros no segundo semestre? De acordo com Jefferson Laatus, não.
“O setor de varejo e serviços nos EUA são mais fortes e, além disso, os dados anteriores da indústria foram revisados para baixo. Então, não muda a perspectiva de que pode haver dois cortes de juros no segundo semestre e não altera a positividade que os dados do varejo trouxeram”, afirmou Laatus.