O mercado de trabalho nos EUA estava menos aquecido nos 12 meses encerrados em março do que apontavam os dados do relatório payroll.
De acordo com revisões divulgadas nesta quarta-feira (21) pelo Departamento do Trabalho, houve 818 mil empregos a menos do que o estimado inicialmente no período que vai de abril de 2023 a março de 2024.
Segundo essas revisões, a economia local poderia ter adicionado cerca de 178.000 empregos por mês durante o período, em oposição à estimativa de 246.000 empregos em média mostrada pelos dados oficiais.
Outras áreas revisadas para baixo incluíram lazer e hospitalidade (-150.000), manufatura (-115.000) e comércio, transporte e serviços públicos (-104.000). Na categoria de comércio, os números do comércio varejista foram reduzidos em 129.000.
Mas alguns setores tiveram revisões para cima, incluindo educação privada e serviços de saúde (87.000), transporte e armazenamento (56.400) e outros serviços (21.000).
Ainda segundo o Departamento, o país tinha 153,6 milhões de pessoas empregadas entre março de 2023 a março de 2024, um número 1,3% maior que o estimado.
O salário médio semanal nos EUA atingiu US$ 1.527 no primeiro trimestre de 2024, representando aumento de 4,2% em relação a um ano antes, segundo a revisão preliminar.
Campos Neto vê ‘desaceleração organizada’ nos EUA
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (BC), vê que o cenário dos EUA deve prevalecer com um pouso suave ou uma “desaceleração organizada” e “nesse sentido, acho que melhorou a parte externa”.
Considerando o cenário global, Campos Neto ressaltou que há fatores como a eleição americana, a fragmentação de mercado e o tema da China, que a médio prazo podem ser pontos inflacionários, mas afirmou que a parte externa melhorou.
“Para mim o principal risco era não ter essa queda de juros (nos EUA) ou que ela se adiasse muito e você tem esses juros mais altos sobre uma dívida muito grande, extrai liquidez do mercado em um volume muito grande em uma velocidade muito rápida e isso é onde eu tinha uma preocupação grande que poderia gerar movimentos disruptivos em mercado emergente”, disse o presidente do BC em evento do BTG Pactual (BPAC11).
Para o mandatário do BC, há uma dessincronização da política monetária, mas a percepção de “fiscal cliff” está sincronizada, “ou pelo menos de uma melhora fiscal no mundo”.