A taxa básica de juros no Brasil subiu ainda mais, o suficiente para barrar as pressões que os ajustes na maior economia do mundo poderiam trazer para a taxa de câmbio brasileira, mesmo com o Federal Reserve (Fed), voltando a elevar os juros dos EUA, pela primeira vez desde 2018. Mesmo com a distância entre os juros sendo a maior desde 2016, o valor do dólar pode vir a aliviar em 2022. As informações são do CNN.
Os juros subindo, saindo de 0 para 0,25% ao ano, nos EUA ampliam a remuneração dos seus títulos, os mais seguros e cobiçados do mundo, e costumam sugar para lá o dinheiro de outros países, principalmente os emergentes como o Brasil, mais arriscados. Com isso, o dólar se fortalece e moedas, como o real, acabam perdendo o valor.
No entanto, no Brasil os juros já começaram a subir bem antes e mais rápido, possibilitando abrir uma margem tranquila sobre os concorrentes e, em alguma medida, contribuindo para blindar o dólar de altas extras.
Nesta mesma quarta-feira, o Banco Central (BC) elevou pela nona vez a Selic, o que já esticou a taxa em quase 10 pontos desde os piores momentos da crise de saúde, quando a Selic chegou a despencar a 2%.
Com a notória diferença de ritmo e de intensidade nos reajustes entre EUA e Brasil, o que os economistas chamam de diferencial de juros, está se ampliando, em vez de estreitar.
Segundo um levantamento realizado pela agência de classificação de risco Austin Rating ao CNN Brasil, a distância entre os juros praticados pelos títulos brasileiros e pelos norte-americanos está em mais de 10 pontos, considerados os títulos de 10 anos de cada país. São os maiores diferenciais desde 2016.
A grande diferença garante que a remuneração dos títulos brasileiros esteja atraente o suficiente para evitar a fuga de capitais e impedir novos aumentos do dólar.
De acordo com projeções de economistas, pelo menos nos próximos meses, a taxa de câmbio não deve subir muito dos R$ 5 em que tem rodado, podendo inclusive chegar a momentos abaixo disso.
As taxas de juros devem continuar subindo nos dois países, dando em conforto para o Brasil, podendo até ajudar a valorizar o real.