Investimentos no Brasil

EUA e China: disputa pode ser um ‘cenário de oportunidades’ para o Brasil

“Caso haja uma nova escalada nas tensões entre EUA e China, o Brasil deve adotar uma postura proativa", disse analista

Bolsas sobem
Foto: Freepik

A relação econômica de dependência mútua entre os EUA e a China está abalada com a chegada de Donald Trump à presidência do país norte-americano. Esse novo cenário pode abrir oportunidades e desafios para o Brasil, como explicou Fabio Louzada, economista, planejador financeiro e fundador da “Eu me Banco Educação”.

“Por um lado, acordos entre as duas potências podem reduzir as pressões sobre os mercados globais, beneficiando exportadores brasileiros com maior estabilidade de preços”, disse o especialista. Por outro lado, ainda segundo Louzada, uma menor tensão pode reduzir a necessidade da China de diversificar parceiros comerciais, diminuindo o papel do Brasil como fornecedor estratégico.

“Assim, o Brasil deve se proteger fortalecendo sua competitividade no mercado internacional”, completou o economista.

“Caso haja uma nova escalada nas tensões entre EUA e China, o Brasil deve adotar uma postura proativa, ampliando sua presença em fóruns e buscando acordos com outras economias em crescimento, como Índia, Indonésia e países africanos”, disse Louzada ao BP Money.

Além disso, se os EUA impuserem tarifas representativas para a China, isso pode gerar um processo inflacionário no território norte-americano. Por consequência, os juros podem ser pressionados, causando a supervalorização do dólar e impactando diretamente a economia brasileira.

Até o momento, Trump segue ampliando suas ameaças no cenário tarifário, incluindo a China e outros países. Uma tarifa de 10% sobre produtos chineses já foi determinada. A taxação inclui um medicamento produzido na China que é amplamente utilizado como droga nos EUA.

Possível escalada de tensões entre EUA e China pode ter impactos nos investimentos no Brasil?

Os especialistas ouvidos pelo BP Money destacaram que o Brasil é um país que recebe pouco investimento estrangeiro, e essa disputa não deve trazer grandes alterações para o território nacional. “Pode piorar pela incompetência fiscal do próprio Brasil e não por nenhuma outra razão”, afirmou Bruno Corano, economista da Corano Capital.

Para que o país se beneficie dessa disputa, seria necessário que o governo trabalhasse em reformas que melhorem o ambiente de negócios, reduzam a burocracia e aumentem a segurança jurídica. “O maior risco, contudo, está na dependência excessiva de mercados específicos, como a China, que atualmente absorve a maior parte das exportações brasileiras de commodities”, declarou Fabio Louzada.

Vale lembrar que o protecionismo dos EUA tende a redirecionar fluxos de capitais para mercados mais previsíveis e de fácil acesso. Isso pode representar uma chance para o mercado nacional atrair investidores em busca de diversificação fora das economias maiores.