Não é de hoje que analistas indicam que a economia dos EUA dá sinais de recessão em 2024. O susto do mercado com os dados do payroll, divulgados nesta sexta-feira (2), reacenderam este receio.
O relatório indicou a criação de 114 mil vagas de emprego, muito abaixo das expectativas do consenso LSEG, que esperava criação de 175 mil postos de trabalho. O desemprego também piorou, subindo para 4,3%, em comparação com 4,1% no mês anterior. Analistas esperavam que permanecesse inalterada.
De acordo com Jefferson Laatus, estrategista-chefe da Laatus, o payroll mais fraco e a taxa de desemprego mais alta evidenciam uma desaceleração da economia norte-americana mais rápida do que se esperava.
“A atual taxa de juros está fazendo um efeito mais amplo do que o mercado esperava e isso tem risco de recessão nos EUA. A ferramenta FedWatch, que mostra a expectativa do mercado sobre a curva de juros, está precificando que o Fed, como está atrás da curva de juros, terá que cortar 50 p.b em setembro e não 0,25p.b, como o mercado esperava”, explicou Laatus.
Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, chamou atenção para os resultados abaixo do esperado das gigantes de tecnologia dos EUA, que também contribuem para o cenário de incertezas quanto ao que está por vir.
“Crescem os temores de que uma deterioração mais importante da atividade econômica possa já estar em curso. Os mercados reagem negativamente, amplificando o clamor daqueles que defendem que o Fomc já deveria ter iniciado o ciclo de cortes nas taxas de juros. A ansiedade até a próxima reunião promete ser alta e divergências serão formadas nas apostas sobre intensidade e velocidade nos ajustes futuros de política monetária. A única certeza é que a volatilidade continuará a comandar o jogo”, antecipou Igliori.
Fed: Chance de corte de juros até setembro sobe após payroll
O monitoramento realizado pelo CME Group indicou um aumento na probabilidade de que o Federal Reserve (Fed) reduza os juros até setembro, após a publicação do payroll, relatório mensal de empregos de junho.
O relatório mostrou um crescimento salarial abaixo do previsto e um aumento na taxa de desemprego.
A possibilidade de um corte de juros pelo Fed até setembro aumentou para 77,6%. Logo antes da divulgação dos dados, essa probabilidade estava em 72,6%.
Até dezembro, o cenário mais provável continua sendo um corte de 50 pontos-base, com uma probabilidade de 47,2%, em comparação com 45,3% antes da divulgação do indicador.
Esse cenário é seguido por uma probabilidade de 24,1% para uma redução de 25 pontos-base e uma probabilidade de 24,0% para um corte de 75 pontos-base.