O ex-presidente do BC (Banco Central), Gustavo Franco, levantou, durante painel da Expert XP 2024, nesta sexta-feira (30), a influência dos bancos públicos sobre a política monetária.
Franco, que também é um dos criadores do Plano Real e sócio da Rio Bravo Investimentos, destacou que a presença de grandes bancos estatais, como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil (BBAS3), dificulta a independência e a eficácia das políticas do Banco Central.
“Para ter o Banco Central mais independente, a política monetária mais potente, tem que privatizar os dois. Vamos combinar?”, sugeriu Franco.
Na análise de Franco, a proposta de emenda constitucional (PEC) que assegura a independência do Banco Central deveria ser estendida a outras áreas, garantindo uma gestão mais eficiente e menos sujeita a pressões políticas.
De acordo com o ex-presidente da autarquia monetária, essa seria uma forma de fortalecer as instituições brasileiras e garantir uma política econômica mais coesa e previsível.
Em um cenário de incertezas econômicas e políticas, as reflexões de Gustavo Franco oferecem um alerta importante sobre os desafios que o Brasil enfrenta na harmonização de suas políticas econômicas e na preservação da credibilidade do Banco Central.
Gustavo Franco ressalta desafios do BNDES
Em sua análise, Gustavo Franco também abordou a influência do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) na política monetária, destacando a complexidade de sua atuação.
O economista mencionou que, embora o BNDES não seja um banco comercial, sua presença no cenário econômico ainda afeta a eficácia das políticas do Banco Central.
Franco fez um comentário incisivo sobre o papel do BNDES: “E o BNDES. Ah, e esse também. Que não é banco comercial, né? Mas os temas estão todos misturados. Vamos ver.”
Essa observação reflete a visão de que as questões envolvendo o BNDES e outros bancos públicos estão entrelaçadas com as dificuldades na condução da política monetária.
Ele ainda expressou sua esperança de que a proposta de emenda constitucional (PEC) que garante a independência do Banco Central possa ser expandida para outras áreas, incluindo o BNDES, reforçando a necessidade de uma reforma mais abrangente.
“Tomara que a PEC passe para além do Banco Central. Obrigado. E fica tudo”, concluiu Franco, sugerindo que a independência deveria ser estendida a outras instituições-chave para fortalecer a política econômica do país.
Independência do BC e das agências reguladoras
O ex-presidente do BC aproveitou para defender a ampliação da independência para outras agências reguladoras, além do Banco Central.
Franco sugeriu que todas as agências reguladoras, como Anvisa, Aneel e Anatel, também deveriam ser protegidas de influências políticas, assim como o BC.
“Eu gosto da PEC do Banco Central, mas eu queria que fosse para todas as agências reguladoras”, argumentou. Franco destacou que essas agências enfrentam desafios financeiros e operacionais que poderiam ser mitigados com maior autonomia.