O Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto) do Fed (Federal Reserve) dos EUA se prepara para sua última decisão sobre as taxas de juros sob o governo do presidente Joe Biden. De acordo com Andressa Durão, economista do ASA, é esperado que o Fed implemente um corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros nesta reunião.
“Para a próxima decisão, esperamos um corte de 0,25 pp, respaldado pelos dados recentes do mercado de trabalho e pela desaceleração da inflação”, afirmou a economista.
A especialista acredita que a abordagem do Fed deve ser gradual, visando alcançar a taxa neutra sem pressionar excessivamente a economia.
Durão acrescentou que a atualização das projeções econômicas será um ponto chave na decisão do Fed.
“Devemos ver uma revisão para cima das estimativas de juros, prevendo três cortes de 0,25 pp ao longo de 2025, em vez dos quatro previstos anteriormente. Isso também deve impactar as projeções de crescimento econômico e a taxa de desemprego”, afirmou.
Ainda há resiliência econômica, diz economista
Para Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, os dados recentes de inflação e emprego mostram que a economia norte-americana está se mantendo robusta.
Igliori destacou que os índices de consumo e atacado mostraram estabilidade nos preços, com o CPI registrando um aumento de 2,7% e a medida subjacente de núcleo atingindo 3,3%.
“Embora a dinâmica da inflação inspire alguma preocupação, os dados não devem alterar significativamente a expectativa de um corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros nesta reunião”, disse.
Igliori também ressaltou que os números econômicos indicam a resiliência do mercado de trabalho e o crescimento econômico dos EUA, fatores que garantem uma estabilidade relativa à abordagem do Fed.
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“Há uma expectativa de que o ciclo de cortes seja breve, mas o cenário das taxas de juros possivelmente não cairá abaixo de 3,50% por um bom tempo, mantendo juros reais positivos nos EUA.”
Abordagem cautelosa do Fed e sinais de ajuste gradual
Mariana Pulegio, assessora de investimentos e sócia da WIT Invest, acredita que o Fed adotará uma postura cautelosa na última reunião do ano.
A profissional destacou as opiniões divergentes entre os membros do Fomc, como Susan Collins e Jerome Powell. Collins tem defendido a continuidade dos cortes das taxas para alcançar uma faixa neutra, mas de maneira gradual e adaptativa. Já Powell tem mostrado prudência com base nos dados de outubro, que mostraram um aumento inesperado no CPI.
“A abordagem do Fed deve ser adaptável e atenta aos próximos dados econômicos”, afirmou Pulegio. “Embora haja espaço para cortes adicionais, a decisão final dependerá dos impactos das políticas econômicas propostas pelo novo governo, das tensões geopolíticas e de fatores externos que podem afetar a economia americana.”
Impacto para os investidores brasileiros
Os investidores brasileiros devem estar atentos ao impacto das decisões do Fed no cenário financeiro e no câmbio.
O movimento de cortes de juros pode influenciar a volatilidade dos mercados globais e afetar ativos dolarizados. Assim, é importante diversificar a carteira entre ativos locais e internacionais, com atenção especial aos setores sensíveis à taxa de juros e à inflação.
“A decisão do Fed também afeta a taxa de câmbio, influenciando a exposição aos ativos dolarizados”, disse Pulegio. “Por isso, é fundamental equilibrar a carteira de investimentos e considerar estratégias para proteger o patrimônio, especialmente em um cenário econômico marcado por possíveis mudanças políticas e econômicas significativas.”
Em suma, a decisão do Fed nesta semana não apenas marca o encerramento das políticas monetárias na era Biden, mas também sinaliza um cenário econômico dos EUA em transformação, com a necessidade de ajustes contínuos e adaptabilidade às condições do mercado e fatores externos.
A abordagem gradual do Fed reflete a busca por um equilíbrio entre crescimento econômico, controle da inflação e a estabilidade do mercado de trabalho.
