O presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, disse, nesta sexta-feira (24), que as expectativas em relação à inflação tem sido uma notícia “bastante ruim” para a autarquia.
Ainda segundo Campos Neto, há uma possível piora na percepção de risco do Brasil.
“Mais recentemente, a gente viu que as curvas longas (de juros) norte-americanas voltaram e a taxa terminal até voltou um pouco, mas o Brasil não melhorou quase nada. Então parece que nesse movimento a gente ficou um pouco na contramão do mundo emergente, o que sugere que se adicionou prêmio (de risco) específico de Brasil na curva”, afirmou.
O presidente do BC também chamou atenção para as enchentes no Rio Grande do Sul, que podem pressionar a inflação devido ao aumento nos preços dos alimentos.
Campos Neto também apontou que o custo de reconstrução do Estado ainda é incerto, destacando que o BC acompanhará o tema para avaliar se poderá haver algum impacto sobre a atuação da política monetária.
As declarações aconteceram durante palestra no X Seminário Anual de Política Monetária, promovido pela Fundação Getulio Vargas.
Focus: projeções para inflação e Selic sobem e a do PIB cai
As projeções dos analistas para a inflação e para a taxa Selic em 2024 aumentaram, enquanto as estimativas para o crescimento do PIB diminuíram nesta semana, de acordo com os dados divulgados nesta segunda-feira (20) no Relatório Focus do Banco Central.
A estimativa do IPCA para este ano aumentou de 3,76% para 3,80%, enquanto a previsão para a inflação de 2025 subiu de 3,66% para 3,74%.
A projeção para 2026 permanece em 3,50%, mesma taxa esperada para a inflação de 2027, nível que se mantém constante nos últimos 46 boletins Focus.
Para o produto interno bruto (PIB), a mediana das projeções para 2024 diminuiu de 2,09% para 2,05%.
A previsão para 2025 permaneceu em 2,0% pela 23ª semana consecutiva, enquanto a de 2026 está em 2,0% há 41 semanas seguidas. A estimativa para 2027 também se mantém em 2,0% há 43 semanas.
A projeção para a taxa básica de juros (Selic) subiu de 9,75% na semana passada para 10%. De acordo com o Focus, a previsão para 2025 permaneceu em 9,0%, assim como a de 2026, que também se manteve em 9,0%. No entanto, a taxa esperada para 2027 aumentou de 8,63% para 9,0%.