SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Facebook mantém um grupo de usuários, que inclui celebridades e políticos, fora de suas regras de conduta, de acordo com reportagem publicada nesta terça-feira (13) pelo Wall Street Journal.
Segundo o jornal americano, com base em documentos que diz ter obtido, a rede social criou um sistema chamado XCheck, que poupa esses usuários de algumas ou, em certos casos, de todas as regras que se aplicam aos demais usuários.
O jornal afirma que esse programa, por exemplo, permitiu a Neymar postar fotos íntimas da mulher que o acusou de estupro. Milhões de seguidores puderam ver as fotografias, em que ela aparecia nua, por mais de um dia, antes que fossem deletadas. O jogador nega a acusação, e não foi indiciado. Procurado, um porta-voz de Neymar disse ao jornal que o atleta segue as regras da rede social.
O ex-presidente americano Donald Trump fez parte dessa mesma lista VIP, conta a reportagem, até ter sua conta suspensa da rede. Membros do Congresso americano, do Parlamento Europeu, prefeitos, ativistas e o próprio Mark Zuckerberg, presidente do Facebook, também integram o grupo de privilegiados.
A mesma ferramenta permitiu que contas incluídas na lista pudessem compartilhar notícias falsas associando a democrata Hillary Clinton, então candidata à presidência dos EUA, em 2016, a redes de pedófilos. Também estão no seleto grupo perfis que disseminaram a ideia de que vacinas contra a Covid matam.
Uma revisão interna do Facebook, realizada em 2019, apontou que havia favorecimento em relação aos usuários dessa lista, e que a prática não seria “defensável publicamente”.
Um porta-voz do Facebook afirmou que críticas ao XCheck são justas, acrescentando que o sistema foi desenvolvido para “criar uma etapa adicional para que possamos aplicar adequadamente regras de conteúdo que poderiam exigir mais compreensão “.
O mesmo interlocutor disse que a companhia está trabalhando para acabar com essa prática e que muitos dos materiais obtidos pelo jornal americano são “informações desatualizadas, costuradas para criar uma narrativa que ignora o ponto mais importante: o próprio Facebook identificou os problemas e tem trabalhado para resolvê-los”.
A descoberta contraria o que o fundador e presidente-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, diz publicamente: que todos os usuários estão em igualdade perante as regras de conduta da plataforma.