Durante a manhã desta sexta-feira (23), o discurso de Jerome Powell, presidente do Fed (Federal Reserve), no simpósio econômico de Jackson Hole, concentrou a atenção do mercado. Powell disse que “chegou a hora de ajustar a política monetária dos EUA“.
Na avaliação dos especialistas ouvidos pelo BP Money, as declarações do dirigente do Fed selaram as expectativas de corte de juros em setembro.
“As falas de Powell no simpósio de Jackson Hole confirmaram as expectativas do mercado: Chegou a hora de cortar o juros. A reação dos mercados foi instantânea, observamos o fechamento nas curvas de juros para todos os prazos de vencimento, e o dólar perdendo força frente aos pares emergentes”, destacou José Alfaix, Economista Da Rio Bravo.
Powell disse ainda que parece ser improvável que o mercado de trabalho seja uma fonte de pressões inflacionárias elevadas tão cedo. Segundo Alfaix, o comentário foi “consciente”, diante dos temores de recessão.
“Powell conseguiu demonstrar que o desemprego é preocupação no balanço de riscos do Fed, mas uma preocupação controlada e acompanhada com diligência. O tom foi extremamente preciso para que o mercado enxergasse um pouso suave no horizonte, acima de um forçado”, completou Alfaix.
Outro ponto de atenção foi o comentário sobre a redução do risco inflacionário. De acordo com Sidney Lima, analista CNPI da Ouro Preto Investimentos, o posicionamento de confiança em relação ao caminho da inflação para a meta de 2% sugere corte de juros.
“Isso [corte de juros] tende a estimular os mercados financeiros, valorizando ativos de risco e enfraquecendo o dólar. Contudo, Powell também enfatizou que futuras decisões serão guiadas pelos próximos dados econômicos, mantendo alguma incerteza sobre o ritmo e duração desse ajuste”, pontuou Lima.
Juros mais moderados trazem impactos positivos
Segundo Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, a perspectiva de juros mais moderados nos EUA traz impactos positivos na economia global, especialmente para os mercados emergentes como o Brasil.
“A expectativa de uma política monetária menos agressiva nos EUA alivia a pressão sobre o dólar, favorecendo o fluxo de capital para mercados emergentes e proporcionando um ambiente mais estável para o crescimento econômico”, afirmou Eyng.
Além disso, pontuou o economista, a queda dos juros nos EUA deve influenciar a inflação e as taxas de juros no Brasil, dando fôlego ao BC em não ter de aumentar a Selic.
“Isso facilita para condições de crédito mais favoráveis e impulsiona a confiança dos investidores”, completou Volnei.