‘Faltou apoio para executar agenda liberal’, diz Guedes

O chefe da pasta afirma se sentir uma voz solitária do na defesa das bandeiras liberais no governo.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta terça-feira (8) estar frustrado com o ritmo das reformas e a “falta de apoio” para implementar a sua agenda liberal. “Não tive o apoio que tinha de ter. Eu realmente esperava mais apoio para essa agenda”, afirma o ministro.

O chefe da pasta deve completar três anos no cargo e afirma se sentir uma voz solitária do na defesa das bandeiras liberais no governo federal. Ele procura levar adiante a sua agenda de reformas e de modernização do Estado, apesar das seguidas rasteiras que leva do presidente Jair Bolsonaro e da oposição de colegas da Esplanada dos Ministérios e parlamentares ligados à base governista no Congresso.

“O governo só encontrou eixo parlamentar agora, nos últimos dois anos. Você vê como as reformas andaram num ano de pandemia, em 2021, com a aprovação da autonomia do Banco Central, dos novos marcos regulatórios do gás, do saneamento, das ferrovias e da cabotagem, a Lei de startups, a Lei de Falências, a BR do Mar. Nós entramos com uma plataforma que é o resultado de uma aliança de conservadores e liberais, que funcionou politicamente para a eleição, mas a engrenagem não girou. Essa aliança não conseguiu nem implementar as propostas dos conservadores, porque os liberais têm valores um pouco diferentes, nem as reformas liberais, porque às vezes têm fogo amigo dos conservadores. O establishment é muito forte”, disse Guedes.

O ministro reafirma a sua disposição de seguir em frente e exalta a “relação de respeito” que mantém com Bolsonaro. O economista destaca que a dificuldade de instalar a agenda liberal no sistema legislativo brasileiro é justificada pela ausência de identidades liberais no governo. “ Os liberais ficaram muito tempo fora do governo, o que também é compreensível, porque a direita estava associada aos governos intervencionistas, aos governos militares”, explica.