Mercado e economia

Febraban: setor bancário não tem interesse em juros altos

o presidente da Febraban, Isaac Sidney, afirmou que os bancos estão "determinados" em baratear o custo do crédito

Foto: CanvaPro
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Isaac Sidney, o presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), teceu críticas ao alto patamar a que chegou a Selic (taxa básica de juros). Mesmo assim, ele defendeu que o “crucial” é entender como o país chegou ao nível atual. 

O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central), decidiu na quarta-feira (11) pela elevação da Selic em 1 ponto percentual, chegando a 12,5% ao ano. Foi a maior alta desde o começo de 2022, e o Banco Central indicou, ainda, dois novos aumentos da mesma magnitude no começo de 2025.

“Quero dizer que muitos criticam – e com razão, eu me incluo [nesse grupo] – o alto patamar dos juros e do spread bancário no Brasil. Mas a questão crucial não é se temos juros altos e sim porque chegamos nesse nível e o que precisamos fazer para que os patamares do spread e dos juros possam efetivamente baixar”, disse Sidney.

“Por isso que nós propusemos ao governo, que prontamente acolheu a criação desse fórum para que nós possamos, no debate técnico, apresentar propostas com racionalidade econômica e possamos endereças quais custos que mais pesam na intermediação financeira”, acrescentou o presidente da Febraban, segundo o “Valor”.

O executivo esteve presente na reunião do conhecido Conselhão, o CDESS (Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável), nesta quinta-feira (12). 

Ao final, o presidente da Febraban afirmou que os bancos estão “determinados” em baratear o custo do crédito. Além disso, o setor financeiro “não tem interesse” na manutenção dos juros altos.

“A redução do spread não depende de atos voluntários do governo, de atos voluntários do setor bancário. É importante olharmos para o cerne da questão. Os bancos estão muito determinados, juntamente com a indústria financeira, em buscarmos caminhos para baratear o custo do crédito”, acrescentou Sidney. 

“Eu posso assegurar que o setor bancário não tem interesse por juros altos no Brasil. Juros altos significam risco de inadimplência, risco de crédito, maior endividamento das famílias, maior comprometimento de renda e nosso desejo é que nós tenhamos ambiente de crédito saudável para que possamos ofertar às famílias e às empresas”, argumentou.

Em sua avaliação, os GTs (Grupos de Trabalho) do Conselhão podem ajudar o governo com propostas, elaboradas ao longo dos últimos meses, para melhorar o ambiente econômico.

“Estamos esperançosos que essas entregas possam trazer resultados concretos. São 40 propostas, estamos colocando alguns tijolos a mais na construção de um mercado de crédito forte e inclusive mais alinhado ao desenvolvimento econômico e social”, ponderou.

Pacote fiscal vai na direção correta, diz Febraban

Isaac Sidney, o presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), avaliou que o pacote fiscal anunciado pelo governo “vai na direção correta”, mas que há pontos de atenção, conforme nota divulgada nesta quinta-feira (28).

Em sua avaliação, o pacote fiscal mostra que o Brasil reconhece que a criticidade do quadro fiscal e a “premente necessidade de um ajuste mais forte para que seja perseguido e alcançado maior e sustentável equilíbrio das contas públicas”. 

“Considerando o contexto desafiador da crescente trajetória da dívida pública e sem entrar nos detalhes do efeito das medidas anunciadas nos gastos — análise que a Febraban ainda irá se aprofundar —, o pacote fiscal está na direção correta”, disse o presidente da Febraban.

O executivo citou, entre os pontos considerados positivos, que a mudança proposta na regra de reajuste do salário mínimo deve impactar positivamente os gastos previdenciários e que as novas regras de acesso ao abono salarial e ao BPC. 

Além disso, o maior rigor nas regras de concessão e acompanhamento do Bolsa Família “podem ser consideradas medidas importantes na busca da contenção de gastos”, escreveu Sidney, segundo o “Valor”.