Nesta quarta-feira (1º), por volta das 15:00 (de Brasília), o Fed (Federal Reserve), Banco Central dos EUA, irá divulgar sua decisão sobre os juros norte-americanos, que estão atualmente entre 5,25% e 5,50%. Em recentes declarações, o presidente da instituição, Jerome Powell, declarou que a inflação está longe da meta da autarquia, gerando incômodo entre investidores sobre uma possível elevação dos juros.
Apesar do temor, segundo Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, é muito improvável que o Fed adote uma política monetária mais “dura” que a atual, apesar da inflação ainda mostrar sinais de resiliência.
“Acredito fielmente que o FED mantenha a taxa de juros. Vale lembrar que recentemente temos presenciado sinais de inflação ainda resiliente nos EUA e indicadores de atividade econômica robustos, como o mercado de trabalho”, afirmou Lima ao BP Money.
Para além da decisão sobre os juros, Marcelo Oliveira, co-fundador da Quantzed, explica que os investidores também estarão ligados no discurso de Powell, que será feito ainda nesta quarta-feira. De acordo com o economista, o mercado se surpreendeu negativamente com as declarações do chairman após a última rodada de reuniões do Fed, feita em setembro.
“O mercado vai ficar de olho no discurso de Powell, que vai ser quando o mercado vai tentar entender nas entrelinhas os próximos passos da política monetária. Em setembro, o mercado de ações nos EUA teve uma queda expressiva porque as expectativas do mercado não estavam ancoradas com o que o FED estava propondo a fazer”, explicou Oliveira ao BP.
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Manutenção dos juros pode representar alívio para o Brasil
Na visão de José Augusto Gaspar Ruas, economista e coordenador do Curso de Ciências Econômicas da FACAMP, caso o Fed mantenha a taxa de juros entre 5,25% e 5,50%, o Brasil seria poupado, pois sua taxa de juros, a Selic, não seria tão pressionada.
“Manter a taxa de juros seria o melhor cenário para o Brasil, pois há o temor que ela seja elevada. Caso FED retomasse o ciclo de altas, a taxa de juros brasileira seria pressionada e nossa moeda seria desvalorizada, acarretando em pressões inflacionárias aqui dentro”, pontuou Ruas ao BP Money.
E se o Fed subir os juros?
Caso o Fed surpreenda os investidores e promova mais uma alta dos juros, Lima espera um cenário ruim para o Brasil. Segundo o analista, os investidores podem ser começar a retirar seu dinheiro do País para investir nos títulos do Tesouro norte-americano, considerados os mais seguros do mundo.
“Em relação ao impacto no Brasil, uma taxa de juros mais alta nos EUA pode atrair investimentos para títulos americanos, retirando capital de mercados emergentes como o Brasil. Além disso, a decisão do Fed pode influenciar as decisões do Banco Central do Brasil no futuro, em relação à taxa Selic, especialmente se houver preocupações sobre a fuga de capital ou desdobramento inflacionário”, disse o analista da Ouro Preto Investimentos.
“Além disso, acredito que haveria impacto nas condições de crédito, já que o aumento das taxas de juros nos EUA pode resultar em condições de crédito mais restritivas globalmente, o que pode afetar a capacidade das empresas brasileiras de obter financiamento no mercado internacional”, acrescentou.
