A sessão desta quarta-feira (18) foi marcada pela decisão do Fed (Federal Reserve), Banco Central dos EUA, em cortar mais uma vez a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, ficando na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano. Conforme especialistas, a autoridade monetária já deixou pistas de que no ano que vem os cortes devem ser menores e a inflação seguirá sendo um transtorno.
O Fed começou a relaxar a política monetária dos EUA em setembro e chegou à última do ano com a taxa no nível de 1 p.p. menor do que estava naquele momento. A decisão desta vez não foi unânime, com um dos diretores preferindo votar pela manutenção da taxa de juros.
“Com a inflação levemente alta e persistente, desemprego baixo, e atividade econômica sólida, devemos ter uma pausa nos cortes para as próximas reuniões”, projetou Idean Alves, especialista em mercado de capitais e planejador financeiro.
Além disso, pesa sobre o cenário do macroambiente, a situação política e econômica do país, que sugere a necessidade de maior cautela a partir de 2025.
Em janeiro, o presidente eleito no pleito de novembro, Donald Trump, irá assumir seu segundo mandato e já deixou claras sua intenções com alguns projetos econômicos, como a redução de impostos e a taxação de produtos importados aos EUA.
“O Fed deve seguir bastante cauteloso antes de uma nova mudança, até para entender os efeitos do governo Trump na economia americana, que promete pressionar a inflação e fortalecer o dólar por conta da sua política expansionista e protecionista”, afirmou Idean Alves.
Economia dos EUA está mais dinâmica e pressiona o Fed
Assim como os bancos centrais de outros países do mundo, incluindo do Brasil, a atuação do Fed tem empregado mais foco em levar a inflação à meta – nesse caso, de 2%. Contudo, a dinâmica da economia norte-americana tem apresentado desafios para seguir com o ritmo de queda nas taxas de juros.
A tese é sustentada pelo head de conteúdo da Melver e mestre em economia, Alexandre Dellamura, que destacou o resultado surpreendente do CPI em novembro, que puxa projeções de efeitos para as decisões futuras do Fed.
O CPI (índice de preços ao consumidor) é o principal dado de inflação do país e registrou a maior alta em sete meses em novembro, ao subir 0,3%. Enquanto isso, no acumulado do ano, o índice cresceu 2,7% até o mês anterior.
“Para 2025 a expectativa é de um corte menor no total, de apenas 0,50%, com mais cautela em relação ao início da administração de Donald Trump”, disse.
Para o economista, ficou explícito no comunicado do Fomc (Comitê de Mercado Aberto do Fed) essa intenção, ao afirmar que está “preparado para ajustar a postura da política monetária conforme apropriado se surgirem riscos que possam impedir a obtenção das suas metas”.
Além disso, Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, afirmou que a autoridade monetária dos EUA seguiu com a terminologia usual das últimas reuniões e reconheceu que a economia permanece robusta, embora o mercado de trabalho esteja mais equilibrado.
Em paralelo a isso, o economista citou que os pontos de destaque sobre as projeções econômicas dos membros do Fomc, comparando com as expectativas para os principais indicadores feita em setembro.
“A expectativa de longo prazo para a taxa de juros ficou em 3%, acima portanto da meta de inflação de 2%, que seria atingida apenas em 2027”, salientou Igliori.
Agora, segundo o especialista, o consenso aponta que não haverá cortes na primeira reunião de 2025. “Ficou claro, que apesar dos progressos realizados, as preocupações com a evolução da inflação estarão conosco em 2025”, finalizou o economista-chefe da Nomad.