Bolsas globais

Fed: corte de juros ‘tem efeito retardado’ nos mercados, diz analista

O Fed deve ver a inflação convergir para o meta, dando respiro aos mercados

Foto: Canva Pro
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O Fed (Federal Reserve), Banco Central dos EUA, anunciou o corte de 0,50 p.p de sua taxa de juros, para 4,75% a 5% ao ano. Após o anúncio, as principais bolsas internacionais, incluindo a B3 (B3SA3), reagiram. Diante desse cenário, o economista da Corano Capital, Bruno Corano, destacou que “é importante entender que a mudança na taxa de juros tem um efeito retardado”.

Com isso, o economista afirmou que a decisão do Fed só deve surtir efeito direto “entre seis e oito meses”.

“A questão é que, indiretamente, quando se altera uma política monetária, ela já causa reflexos naquele momento exato e em várias perspectivas”, comentou Corano.

O esperado pelo mercado era que, assim que os juros fossem reduzidos nos EUA na quarta-feira (18), o dólar registrasse alta perante outras moedas, e que, na sequência, as bolsas também se inclinassem para alta. Mas o cenário foi o oposto, com as bolsas fechando no vermelho, assim como a moeda norte-americana.

Fed deve ver a inflação convergir para o meta, dando respiro aos mercados

“Tudo leva a crer que os indicadores devem se manter na mesma direção, com, finalmente, a inflação convergindo para a meta e o desemprego ficando sob controle. Ou seja, não vai haver uma explosão de empregos, mas também não há uma explosão de desemprego”, apontou Corano.

Isso porque, segundo o especialista, os EUA, até o momento, estão emitindo títulos que pagam uma taxa muito alta. A queda dos juros alivia as despesas do governo.

Esse cenário mais favorável nos EUA beneficia as bolsas globais, especialmente de países emergentes, como o Brasil. O movimento comum entre investidores é buscar segurança em suas aplicações — a famosa previsibilidade —, logo, se a maior economia do mundo está enfrentando um cenário de pressão econômica, afetando empresas direta e indiretamente, o apetite ao risco dos investidores acaba sendo consideravelmente reduzido.

Por outro lado, os analistas Paulo Gitz e Maria Irene Jordão, da XP, apontam que “nem tudo está perdido”, em artigo divulgado pela corretora que retrata os impactos da volatilidade e das altas dos juros norte-americanos.

“Apesar de ser prejudicial para o mercado de ações, a taxa de juros elevada cria oportunidades atrativas no mercado de renda fixa americano. Títulos curtos do governo americano têm pago mais de 5% em dólar, nível que aumentou é distribuição”, disse o texto .