O Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos EUA) decidirá, nesta quarta-feira (14), se irá interromper ou não o ciclo de aumento dos juros do país. A decisão é esperada por muitos investidores, que estão otimistas sobre uma possível manutenção dos juros após o Livro Bege, sumário de opiniões que embasa as decisões monetárias do banco, revelar uma desaceleração da inflação norte-americana.
Para colaborar com o otimismo do mercado, o Departamento do Trabalho dos EUA divulgou na última terça-feira (12) o CPI (índice de preços ao consumidor) de maio, que registrou alta de 0,1%, abaixo do esperado pelo consenso Refinitiv, que previa um avanço mensal de 0,2%. Em 12 meses, a inflação norte-americana acumula alta de 4%.
“A expectativa é de que o Federal Reserve realize uma pausa no aperto monetário, não promovendo um novo aumento na taxa de juros nesta próxima reunião. O mercado está precificando a manutenção da taxa de juros entre 5% e 5,25%, com uma probabilidade de 94,2% segundo dados do CME FedWatch. O CPI de maio em linha com as expectativas também reforçou essa expectativa”, disse Lucas Schwarz, analista da VG Research, ao BP Money.
Caso confirmada essa manutenção dos juros norte-americanos, Fabricio Gonçalvez, CEO da Box Asset, acredita que os mercado de renda variável serão beneficiados com essa decisão, com os investidores adquirindo um apetite maior ao risco.
“Se confirmada a manutenção na taxa, isso trará um alívio para as economias como um todo, tanto para dos EUA como para as demais, e poderemos observar os mercados de renda variável performando bem. No entanto, as discussões sobre alta nos juros serão mantidas até que uma melhora significativa seja vista. Apesar da inflação ter dado uma arrefecida, os dados continuam elevados para os padrões do país”, afirmou Gonçalvez.
Na visão de Luciano Bravo, CEO da Inteligência Comercial e Country Manager da Savel Capital Partners, a tendência é que os investidores fiquem apreensivos até o final do ano por conta do Federal Reserve. Segundo o especialista, os dirigentes do órgão monetário continuarão discutindo uma alta ou não dos juros até que a meta de inflação, que atualmente é de 2%, seja atingida.
“É esperado que Fed continue discutindo a alta ou não dos juros até o fim deste ano, no mínimo, quando ele poderá atingir a meta de inflação. Caso isso aconteça, se torna desnecessário essa questão, pois o país terá mais tranquilidade para atingir essa meta nos próximos anos”, explicou Bravo.
E se o Fed aumentar mais os juros?
Caso ocorra uma reviravolta e o Fed opte por subir os juros mais uma vez, Gonçalvez acredita que muitos países emergentes seriam prejudicados, pois haveria uma fuga de capitais, com muitos investidores alocando parte do seu capital em títulos norte-americanos.
“Se o FED optar por mais aumentos na taxa de juros, isso poderá sugar grande parte da liquidez dos outros países, pois será muito atrativo ter recursos rendendo a uma taxa acima dos 5% + dólar e com a segurança de se investir na maior e mais sólida economia do planeta. Países emergentes, como o Brasil, seriam muito prejudicados com a saída de recursos para o estrangeiro”, relatou o CEO da Box Asset.
Além disso, Bravo pontua que, caso o Banco Central dos EUA aumente ainda mais os juros, vários BCs ao redor do globo não poderão pensar em promover uma futura queda da taxa de juros dos seus respectivos países.
“Uma nova alta promovida pelo Fed fará com que os juros dos países emergentes não caiam. Por que? Com uma alta dos juros nos EUA, esses países precisariam continuar pagando um preço melhor ao investir para que não exista uma fuga de capitais, algo que só é possível com uma taxa de juros alta”, argumentou o CEO da Inteligência Comercial.