Nesta quarta-feira (15), o Fed (Federal Reserve, banco central norte-americano) subiu em 0,75 ponto percentual a taxa básica de juros nos Estados Unidos, agora em um intervalo entre 1,50% e 1,75% para o ano. O comunicado veio em linha com as perspectivas do mercado financeiro, que desde a última semana já apontava maior probabilidade de aumento de 75 pontos-base.
O Fed não fazia uma elevação dessa magnitude desde novembro de 1994. A medida foi adotada para controlar a inflação, que chegou a 8,6% no acumulado de 12 meses até maio, bem acima das projeções e o pior resultado desde 1981.
A resistência dos dados de inflação e o indicativo de anúncio de aumento dos juros em 0,75 p.p. fizeram os mercados despencar. Na expectativa para a “super quarta”, os índices Dow Jones e o S&P 500 estenderam as perdas da segunda-feira (13), encerrando o pregão em queda de 0,5%, a 30.364,83 pontos, e 0,38%, a 3.735,48 pontos, respectivamente.
O S&P entrou em “bear market” (definido por uma desvalorização de 20% em relação ao pico recente), o que indica tendência de queda. Já a leve recuperação da Nasdaq de 0,18%, a 10.828,34 pontos, na terça-feira (14), não foi suficiente para recuperar as perdas do dia anterior, quando recuou 4%.
A crescente chance de um movimento surpresa do Fed para passar a alta de 0,5 p.p. para 0,75 p.p. nesta reunião do FOMC antecipou o impacto sobre o mercado. Os rumores ajudaram a impulsionar ainda mais as negociações em contratos futuros vinculados à política do Fed nessa direção.
A perspectiva do aumento da taxa básica de juros nos EUA era condicionada à evolução das condições econômicas e financeiras. O banco central norte-americano esperava estabilização do índice inflacionário com a alta de 0,5 p.p. realizada em maio, o que não aconteceu.
Hoje, o Fed está entre a cruz e a espada, considerado o cenário duradouro de alta da inflação nos EUA e o impacto da elevação dos juros sobre o mercado acionário e a possibilidade de recessão.