Política monetária

Fed pode manter juros em dezembro após vitória de Trump

As apostas na inalteração dos juros pelo Fed em dezembro subiram de terça-feira (5) para quarta-feira (6), segundo ferramento do grupo CME

Bandeira dos EUA
Bandeira dos EUA / Foto: Unsplash

O consenso entre os investidores é de que o Fed (Federal Reserve) deve cortar em 0,25 ponto percentual (p.p.) a taxa de juros dos EUA na quinta-feira (7). Porém, já crescem as apostas de que o banco central norte-americano poderá manter os juros inalterados na reunião de dezembro, isto por conta da vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais.

Os projetos do governo trumpista são vistos como potencialmente inflacionários, já que indica uma política de tarifas agressivas. 

As indicações do novo presidente durante a campanha é de que pretende elevar as tarifas para importações chinesas para até 60% e 10% a 20% para o resto do mundo, inclusive países aliados. 

Uma ferramenta do grupo CME apontou que as apostas de um corte de 0,25 p.p. em dezembro estavam em 22% até terça-feira (5) e saltaram para 33% nesta quarta-feira (6). 

No entanto, as maiores apostas ainda são em um corte de 0,25 ponto, embora elas tenham recuado de 77% para 66% de um dia para o outro.

Payroll: Fed deve baixar juros após dados, avaliam analistas

Os EUA criaram 12 mil vagas de trabalho em outubro, de acordo com o relatório de emprego conhecido como payroll. O número ficou bem abaixo do esperado e “pegou o mercado de surpresa”, afirma o analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos Rodrigo Cohen.

Assim que os dados foram divulgados, o dólar despencou no mundo e os índices subiram, com a expectativa de uma queda maior nas taxas de juros dos EUA, comenta Cohen.

Para analistas, os dados divulgados deixam claro que o Fed deve baixar os juros após a reunião na próxima quarta-feira (6). “Com os dados do Payroll de hoje já fica meio cravado que eles cortam 0,25%”, comentou Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.

Cohen compartilha da mesma visão e acredita que isso deve gerar otimismo no mercado.

Assim, para o analista, é improvável que o Fed pule uma reunião e decida não cortar juros em dezembro.

Já para o CEO do Grupo Studio, Carlos Braga Monteiro, a desaceleração do mercado de trabalho americano pode fazer com que o Fed tenha mais cautela nos cortes de juros, já que o crescimento do emprego é um sinal importante para suas decisões.

Assim, para ele, há possibilidade de um adiamento de cortes, o que pode resultar em um dólar mais forte, pressionando ainda mais a inflação e o custo de crédito no mercado brasileiro.