O Federal Reserve (Fed), Banco Central dos EUA, pode ter que subir a taxa de juros a 6,5% para trazer a inflação à meta de 2% até 2025. Já esse custo de reduzir a inflação pode estar associado a uma recessão leve. A análise é resultado de um estudo realizado por um grupo de economistas, que inclui o vice-presidente de pesquisa do Deutsche Bank, Peter Hooper, e o chefe de pesquisa dos EUA no JPMorgan, Michael Feroli, e divulgado pelo portal “InfoMoney”.
Segundo o portal, o relatório diz que as estimativas levam em conta um modelo simples de três equações da economia para estimar quão alto se deve esperar que a taxa básica de juros suba para trazer a inflação de volta à meta nos próximos três anos e qual será o custo em termos de desemprego.
Com isso, o estudo destaca que a mediana da taxa de juros pode atingir um pico de 5,6% no 2T23, podendo também subir para 6,0% e 6,5%. “É importante ressaltar que, mesmo nos casos em que as taxas de juros são altas, a inflação permanece acima dos 2% do Fed no final de 2025”, informou o texto divulgado pelo “InfoMoney”.
O relatório também apontou que, mesmo assumindo expectativas de inflação estáveis, há dúvidas sobre a capacidade do Fed de arquitetar um “pouso suave” no qual a inflação retorne à meta sem uma recessão branda. “Esse exercício nos leva a concluir que o Fed e outros bancos centrais terão dificuldade em atingir suas metas de desinflação sem um sacrifício significativo na atividade econômica”, concluiu o estudo.
O grupo de economistas, segundo o portal, também criticou a “falha” e o “erro significativo” do Fed em não agir preventivamente em 2021 diante de uma forte demanda. No entanto, para ele, o abandono do gradualismo em 2022 ajudou a estabilizar as expectativas de inflação.
“Se o Fed não tivesse descartado o gradualismo do último quarto de século em 2022, a política monetária estaria ainda mais atrasada, com a tendência da inflação e as expectativas de inflação em um caminho mais alto do que hoje. Ou seja, se os formuladores de políticas tivessem escolhido aumentar as taxas em incrementos de 25 pontos-base, o custo da desinflação necessária seria maior’, disseram os pesquisadores.
Ao final, o estudo comenta sobre os formuladores de políticas manterem uma postura restritiva até 2023. Caso isso seja feito, o Fed parece estar a caminho de se aproximar da meta de 2% dentro de um horizonte razoável. “Como o presidente Jerome Powell argumentou, o custo de uma flexibilização prematura provavelmente seria alto e, em nossa opinião, mais alto do que o custo de restrições políticas temporariamente excessivas”, ressaltou.
Fed eleva juros nos EUA em 0,25 ponto percentual
O Fed (Federal Reserve, Banco Central dos EUA) anunciou nesta quarta-feira (01) que elevou a taxa básica de juros nos EUA em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 4,50% a 4,75%. O resultado veio em linha com o esperado pelo mercado. Na última reunião, ocorrida em dezembro, a instituição monetária havia elevado os juros em 0,5 ponto percentual.
“A elevação de 25 p.p já era esperada. O aumento do emprego tem sido forte nos últimos meses e o desemprego segue baixo, o que reforça a necessidade de manutenção da alta de juros. Os gastos das famílias também estão altos e os preços estão pressionados, mostrando que o FED ainda precisa continuar trabalhando para ajustar a inflação. Chama atenção também a preocupação da instituição monetária com a guerra entre Rússia e Ucrânia, que continua trazendo incertezas para os próximos rumos do FED”, afirmou Rodrigo Cohen, analista CNPI e co-fundador da Escola de Investimentos, empresa de educação financeira.
Em texto, a autoridade monetária afirmou que o crescimento de empregos tem sido robusto nos últimos meses. Contudo, reconhece que indicadores recentes apontam para um crescimento modesto de gastos e produção. Além disso, o Fed afirmou que a inflação norte-americana continua elevada, mesmo que tenha registrado um arrefecimento recente.
Dentre os riscos de inflação mencionados pelo BC dos EUA está a guerra da Rússia contra a Ucrânia. A autoridade monetária diz que o conflito segue provocando dificuldades humanas e econômicas, contribuindo com o aumento de incertezas.
Para as próximas reuniões,o Federal Reserve afirmou que vai continuar monitorando os próximos dados econômicos. “As avaliações do comitê vão levar em conta um grande leque de informações, incluindo leituras sobre as condições do mercado de trabalho, pressões inflacionárias e expectativas de inflação, e desenvolvimentos financeiros e internacionais”, disse o Fed.