Economia

FGV: confiança do consumidor tem maior queda em 3 anos

O Índice de confiança do consumidor caiu 5,1 pontos no primeiro mês de janeiro, para 86,2 pontos, segundo a FGV

Foto: Consumo/CanvaPro
Foto: Consumo/CanvaPro

A confiança do consumidor sofreu a mais forte queda em mais de três anos em janeiro, sob influência do cenário de maior pressão inflacionária, principalmente nos alimentos, analisou Anna Carolina Gouveia, economista da FGV (Fundação Getulio Vargas).

O Índice de confiança do consumidor caiu 5,1 pontos no primeiro mês de janeiro, para 86,2 pontos, sendo a maior queda desde setembro de 2021, quando o recuo foi de 6,6 pontos, apontou a FGV.

A especialista afirmou que, em janeiro, o humor do consumidor foi afetado principalmente por expectativas menos favoráveis, em relação ao futuro. Em sua visão, o menor ímpeto de consumo acontece em um cenário em que as respostas em relação ao momento presente mostraram também cenário negativo.

“Todos os indicadores recuaram e todos recuaram pela segunda vez consecutiva”, disse a técnica, ao lembrar que o ISA e o IE também mostraram recuo, em dezembro do ano passado, embora mais fracos do que os registrados em janeiro, respectivamente de 1,3 pontos e de 4,3 pontos. “Mas a queda de maior magnitude, em todas as respostas componentes do ICC, foi no quesito ‘situação financeira futura’”, disse a economista do FGV.

O pessimismo com o orçamento futuro se sustenta no avanço da inflação no começo deste ano, reiterou Gouveia, segundo o “Valor”.

“Creio que esse desempenho está um pouco atrelado à questão da inflação, em serviços e possivelmente em alimentos também. E também pela manutenção e continuidade de juros elevados”, resumiu.

A economista da FGV se mostrou cautelosa quanto à possibilidade da confiança do consumidor continuar a cair. Gouveia notou que o impulso maior da inflação dos alimentos, nesse começo de ano, tem sido visto com atenção pelo governo, recentemente.

“Acho que vai depender muito dos próximos passos do governo, se vai ter algum programa que possa ajudar a segurar a inflação”, disse.

Monitor do PIB avança 0,6% em novembro, aponta FGV Ibre

Monitor do PIB registrou avanço de 0,6% da atividade econômica em novembro de 2024, ante outubro, segundo o FGV/Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas). Na comparação anual, a alta foi de 3,4%. 

Em outra linha de comparação, o crescimento do Monitor do PIB no trimestre encerrado em novembro de 2024, frente ao mesmo período de 2023, foi de 4,3%, o mais intenso desde maio de 2023 (4,5%).

Para Juliana Trece, coordenadora da pesquisa, o resultado é positivo, devido a continuidade do crescimento, mas que é possível ver sinais de que a desaceleração da atividade econômica esperada desde o início de 2024 pode ter chegado.

“Não é algo alarmante nem preocupante, mas é possível ver alguns sinais de segmentos importantes com dificuldade de manter o ritmo de crescimento, como serviços e consumo das famílias”, disse a economista, segundo o “Valor”.

Além disso, ela afirmou que desde o início do ano passado já era esperado que a economia ia desacelerar, mas essa desaceleração não veio. “É natural alguma desaceleração, a economia não está ruim. O crescimento persiste, embora com sinalizações de possíveis esgotamentos”, acrescentou a coordenadora do Monitor do PIB.

Enquanto isso, o coordenador do Núcleo de Contas Nacionais do FGV Ibre, Claudio Considera, também apontou que existem sinais de desaceleração na economia brasileira, porém ela permanece em crescimento. 

O avanço em 2024, afirmou ele, deve ter sido de 3,5% e ficará acima dos 2% em 2025. “Devemos ter uma desaceleração [da alta do PIB], mas não acredito em uma taxa de menos de 2%, o que é um crescimento bom depois de um ano de 2024 glorioso”, disse.

Os sinais de desaceleração da economia brasileira no Monitor do PIB, como apontaram os economistas, aparecem especialmente nos segmentos que têm impulsionado a atividade econômica: serviços e no consumo das famílias, segundo o jornal.