A leitura do Icom (Índice de Confiança do Comércio) divulgada nesta sexta-feira (27) mostrou que a confiança do varejo subiu 0,6 ponto, para 93,3 pontos, em dezembro, segundo o FGV/Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
Porém, na avaliação de Geórgia Veloso, economista do FGV/Ibre, a continuidade desse aumento é incerta, pois fatores macroeconômicos, atrelados ao ritmo de consumo, demonstram com muitas incertezas para 2025.
Além disso, na visão da especialista, a taxa positiva em dezembro foi impulsionada por fatores presentes, algo perceptível na evolução dos dois sub-indicadores componentes do Icom. O Índice de Situação Atual (ISA) subiu 5 pontos em dezembro, para 99,9 pontos; mas o Índice de Expectativas (IE) caiu 3,5 pontos, para 87,2 pontos.
O poder aquisitivo do consumidor é o que influencia a demanda do varejo, e esse poder está atrelado a variados pontos, como a evolução do dólar.
A cotação da moeda norte-americana renovou recordes neste fim de ano, contribuindo para aumentos de preços em itens importados ou relacionados à importação – o que inibe consumo, segundo o “Valor”.
A especialista do FGV/Ibre também mencionou a elevação da taxa de juros, lembrando que o novo ciclo de aperto monetário, iniciado pelo BC (Banco Central) na tentativa de combater o avanço da inflação de demanda. O nível elevado da Selic (taxa básica de juros) também inibe o índice de confiança.
O contexto também opera com as famílias em linhas de endividamento e inadimplência elevados, comentou Veloso. “Pode ser, por exemplo, que uma família prefira quitar dívidas do que fazer novas compras”, exemplificou.
Sendo assim, não há garantia da continuidade de novas elevações no Icom para os próximos meses, na perspectiva da especialista do FGV/Ibre. “Temos, para o futuro, pontos incertos, em fatores fortemente atrelados ao consumo”, resumiu.
Confiança do consumidor atinge menor nível em 6 meses, aponta FGV
Em dezembro, os consumidores brasileiros demonstraram maior pessimismo, com a confiança atingindo o menor patamar em seis meses, conforme os dados divulgados pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) nesta sexta-feira (20).
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) da FGV registrou uma queda de 3,6 pontos no mês, atingindo 92,0 pontos, o menor valor desde junho deste ano, quando o índice estava em 91,1 pontos.
A redução na confiança foi observada em todos os grupos de renda, com destaque para as famílias de menor poder aquisitivo.
“A recente elevação da taxa de juros, somada a focos de pressão inflacionária em itens como alimentos, podem estar contribuindo para aumentar o pessimismo entre os consumidores no último mês de 2024, levando a uma piora das expectativas com a situação financeira nos próximos meses”, explicou em nota Anna Carolina Gouveia, economista do FGV IBRE.
A confiança dos consumidores em dezembro foi impactada pela piora tanto das expectativas para o futuro quanto pela percepção negativa da situação atual.
Os dados indicam que o Índice de Expectativas (IE) caiu 4,9 pontos, atingindo 98,5 pontos, o menor valor desde junho deste ano, quando o índice estava em 98,1 pontos.