Para aproveitar oportunidades

FIIs: investimento pode exigir mais cautela em 2025

Especialistas recomendam monitorar de perto a economia e prestar atenção na carteira dos fundos

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FIIs / Freepik

Com a alta da Selic e perspectivas de aumento da inflação, 2025 pode ser um ano desafiador para os FIIs (Fundos de Investimento Imobiliário), mas também representa uma oportunidade de investir, já que as cotas desses fundos tendem a baixar de preço. Nesse contexto, especialistas destacam que é importante ter cautela.

O aumento da volatilidade no mercado de capitais e a alta da taxa de juros têm impacto negativo nas cotações dos FIIs, já que eles representam uma classe de menor liquidez.

Isto deve levar a um ano de baixo crescimento e pouca captação de novos recursos, especialmente para os fundos com exposição ao agronegócio ou a famílias e empresas com alto risco de crédito, mais sensíveis às crises econômicas e aos juros, destaca o gestor da Hike Capital Ângelo Belitardo.

“Mas o que pode parecer o principal desafio, também pode ser a maior oportunidade. Isso porque o investidor poderá comprar cotas de FIIs em valor descontado, em um ambiente no qual a atividade econômica estará menor, mas ainda aquecida, e se beneficiando de um cenário de atrativas distribuições de dividendos”, destaca a economista da Cy Capital Eliane Teixeira.

Já para o segundo semestre do ano, a gestora de FIIs Galoppo projeta uma melhora na liquidez do setor e um novo ciclo de captações. “A grande oportunidade estará nas negociações dos FIIs no mercado secundário, onde poderá se comprar renda com excelentes retornos”, destaca o Claudio Algranti, head de estruturação e investimentos da gestora.

Também há perspectivas positivas para aqueles FIIs que investem em ativos reais (tijolo). Eles passaram por desvalorização no segundo semestre de 2024 e podem melhorar o desempenho a partir do próximo ano, afirma o fundador da Valor Academy, Heitor Martins.

Enquanto os fundos de tijolo costumam ter maior estabilidade da distribuição de dividendos no longo prazo, Teixeira defende que os FIIs de papel (aqueles que compram dívidas de empreendimentos imobiliários) podem ser uma opção mais segura e vantajosa no ano que vem, já que tendem a gerar melhores dividendos nos períodos de inflação e taxas de juros mais altas.

O cenário exige atenção redobrada aos riscos dos FIIs

Para aproveitar as oportunidades, o investidor vai precisar estar atento não só ao cenário econômico, como também aos riscos de crédito, ressaltam os especialistas. Se a taxa de juros permanecer alta, há uma chance menor de que as cotas dos FIIs subam de preço.

Por isso, monitorar a taxa de juros e a inflação, ditados especialmente pela evolução dos gastos públicos e pela dívida do país, se faz ainda mais importante. “Essas variáveis irão guiar, em grande parte, o comportamento da rentabilidade dos FIIs”, destaca Belitardo.

“É importante frisar também que o investidor de FIIs precisa ter um bom prazo para ver retornos maiores”, lembra Martins, já que esses fundos são ideais para aqueles que desejam retorno no médio e longo prazo.

Para os FIIs de papel, o principal ponto de atenção deve ser a adimplência das carteiras dos fundos, afirma Teixeira. Já para os fundos de tijolo, o investidor deve analisar a qualidade e localização dos ativos que formam a carteira do FII.

“É importante analisar os portfólios dos FIIs, em especial, níveis de inadimplência, taxas de vacância e negociação de valores”, detalha Algranti.