Economia

Fitch: mercado de investimentos do Brasil deve ser mais concentrado

Segundo a agência, os bancos tradicionais foram pressionados para fortalecer suas linhas de produtos, enquanto novos negócios de tecnologia puderam comprar ativos de concorrentes

Agência de classificação de risco, Fitch Ratings, afirma que a onda de fusões e aquisições de plataformas de investimentos digitais independentes mostram que o setor tem desafios a enfrentar. Sendo assim, a agência prevê que esse movimento leve a maior concentração no mercado de investimentos brasileiro. 

Segundo relatório divulgado pela Fitch, os bancos maiores foram pressionados no fortalecimento de suas linhas de produtos, ao passo que novos empreendimentos de tecnologia financeira bem estabelecidos tiveram oportunidades de comprar ativos de concorrentes, visando defender sua participação de mercado. 

De acordo com o Valor Econômico, nos últimos 3 anos o mercado brasileiro teve fusões e aquisições relevantes. Como foi o caso da Easynvest pelo Nubank (ROXO34); da Toro pelo Santander (SANB11); Necton e Órama pelo BTG Pactual (BPAC11). Recentemente, outra operação que mexeu com o mercado foi a compra da Guide Investimentos pelo Banco Safra,  anunciada em 7 de Fevereiro.

Concentrações do setor, segundo a Fitch

A Fitch não espera que as aquisições mudam o perfil geral de negócios dos compradores, porém, apesar disto, a agência considera que o setor de investimentos brasileiro segue a tendência de concentração em poucos participantes. O documento cita que os negócios realizados nos anos 2000 e um pouco depois de 2010 são exemplos para o argumento.

Os competidores precisam aumentar as oportunidades de venda cruzada de serviços, diz a Fitch. Sobretudo seguros e créditos, mas também gestão de recursos, consultoria, banco de investimentos e outros produtos relativamente sofisticados, pois podem tirar partido da escala e monetização de novos clientes. 

“Por outro lado, para plataformas digitais de menor porte e ainda não consolidadas, os desafios deverão se manter e, potencialmente, se agravar ao longo de 2024, embora possam ser parcialmente mitigados pelas melhorias graduais no ambiente operacional doméstico”, ressalta o relatório da agência. 

O rápido crescimento das plataformas de investimento digitais ganhou impulso com a expansão significativa dos clientes de varejo, segundo o Valor. Dessa forma, houve uma fragmentação do mercado e a concorrência entre os grandes bancos tradicionais e as iniciativas digitais aumentou. 

A Fitch também classifica que o aumento do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), em 2013, para R$ 250 mil, impactou a indústria de forma positiva. Logo, a mudança levou à migração gradual da estrutura de financiamento dos bancos de pequeno e médio porte e provocou um equilíbrio entre investidores institucionais e plataformas de investimento de varejo. De acordo com o jornal, isso reduziu as concentrações, junto com a melhora de prazo e perfil de captação. 

“No entanto, uma década mais tarde, tornou-se claro que a concorrência feroz com grandes grupos bancários, os elevados investimentos exigidos em TI (e aquisição de clientes), os spreads mais baixos impulsionados principalmente pelas taxas de corretagem gratuitas em muitas classes de ativos expuseram os desafios que instituições menores e menos diversificadas enfrentam para alcançar resultados positivos”, escreve a Fitch.