Todd Martinez, codiretor de rating para Américas da Fitch Ratings, agência de classificação de risco, afirmou que “ainda vê pragmatismo na gestão econômica” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O executivo da Fitch ressaltou que a reforma tributária foi um marco importante para melhorar o patamar de atividade do Brasil. Além disso, o governo também “mostra desconforto com a gestão da política monetária, mas não interfere nela”.
Porém, Martinez indicou que a postura de Lula com as críticas constantes a Roberto Campos Neto, presidente do BC (Banco Central) “gera ruídos, que não são saudáveis em ano que ocorrerá a troca de liderança do BC”.
“Apesar de muitos ruídos”, o Poder Executivo “apresenta pragmatismo” para conduzir o País, disse o codiretor da Fitch, durante webinar da agência, de acordo com o “InfoMoney”.
Segundo ele, a Fitch ter mantido o rating do Brasil em “BB”, na semana passada, visando uma perspectiva estável, indica “o pragmatismo da política (econômica), mas alguma piora na área fiscal”.
Os sinais da gestão das contas públicas “foram muito bons” em 2023, visto que indicaram uma administração eficiente de gastos e receitas, disse Martinez.
“A gestão fiscal é o ponto fraco da economia do Brasil”, frisou. O codiretor da Fitch também apontou que um problema para a administração das contas públicas é que muitas despesas são obrigatórias.
“O Congresso conservador não ajuda para a política fiscal ser conservadora”, avaliou. Em paralelo a isso, a dívida bruta e crescente “não permite que o Brasil atinja o investiment grade”, isto porque é preciso melhorar a gestão das contas públicas, considerado o “ponto fraco” da economia nacional, citou Martinez.
Fitch mantém nota de crédito do Brasil, mas alerta para déficit
A Fitch, agência de classificação de risco, reiterou a nota de crédito do Brasil, atualmente em “BB”, que corresponde a 2 níveis abaixo do grau de investimento. A perspectiva segue estável, o que indica que a avaliação do Brasil não será alterado nos próximos meses.
Mas, mesmo sem alterações, a Fitch advertiu que a nota do país é limitada pelo fraco crescimento potencial da economia, isso por conta do Orçamento do governo e pela dívida pública crescente e elevada.
Entre outros pontos, o documento da Fitch pede que as reformas em despesas obrigatórias para redução do déficit público continuem, mesmo após a aprovação do novo arcabouço fiscal, de acordo com o “Valor”.