O FMI (Fundo Monetário Internacional) estima uma piora da dívida bruta brasileira para o próximo ano, de 84,7% do PIB em 2023 para 87,6% do PIB em 2024. As projeções, presentes no apêndice estatístico do Monitor Fiscal, divulgado nesta quarta-feira (23), são maiores que o previsto anteriormente.
A estimativa anterior, divulgada em abril, projetava uma dívida de 86,7% para 2024.
Esse percentual deve continuar a crescer até 2029, último ano da projeção. Para 2025, a previsão é de que o indicador chegue a 92% e cresça para 97,6% até 2029.
A projeção para 2025 e 2029 também são maiores que o estimado de abril. A previsão era de uma dívida bruta de 89,3% do PIB para o ano que vem e 97,6% do PIB daqui a cinco anos.
Para 2027, o FMI projeta uma dívida bruta de 96,4% do PIB, resultado pior que o de 2020 (96%), primeiro ano da pandemia.
A dívida bruta brasileira projetada para 2024 fica em sexto lugar dentro do grupo de 38 países emergentes classificado no relatório do FMI. O primeiro lugar é Bahrein (126,7% do PIB), seguido por Ucrânia (95,6% do PIB), Argentina (91,5% do PIB), Egito (90,9% do PIB) e China (90,1% do PIB).
A dívida média dos países emergentes neste ano deve ficar em 70,8% do PIB, segundo o FMI.
O cálculo do FMI é diferente do utilizado pelo BC (Banco Central), que não considera títulos do Tesouro. Portanto, a projeção do fundo é diferente da brasileira, segundo a qual a dívida bruta ficou em 74,4% do PIB em 2023 e atingiu 78,5% do PIB em agosto de 2024.
FMI melhora projeção para resultado primário brasileiro
O FMI prevê um déficit primário de 0,5% do PIB em 2024, menor que o déficit de 0,6% do PIB previsto em abril. Para 2025 e 2026, a projeção indica os resultados negativos de 0,7% e 0,6% do PIB, respectivamente.
O fundo projeta que esse resultado voltará a ser positivo em 2027, quando deve alcançar 0,1% do PIB.
Há seis meses, a projeção era de déficit de 0,3% do PIB em 2025, déficit zero em 2026 e superávit de 0,4% do PIB daqui a cinco anos.
Diante deste cenário o FMI alerta, no Monitor Fiscal, que no Brasil e em outros países com projeções de aumento de dívida é arriscado adiar políticas de ajuste fiscal, já que o endividamento é mal recebido pelo mercado e dificulta o manejo orçamental.