O Boletim Focus de hoje, assim como os precedentes das últimas semanas, esclarece um cenário de deterioração das expectativas. Pela primeira vez neste ano, o relatório abre espaço para a projeção de menos de 1% de crescimento do PIB em 2022, além das consecutivas altas nas expectativas de inflação neste e no próximo período.
O IPCA segue sendo projetado com maior tendência de alta a cada início de semana. Dessa vez, o índice esperado para o fechamento do ano atual é de 9,77%, frente aos 9,33% da semana passada. O cenário arrasta a inflação do próximo ano para longe da meta de 3,5%, e as projeções esperam um índice de preços de 4,79% para o fim de 2022.
O que chama atenção é o deslocamento das expectativas do próprio BCB em relação ao crescimento econômico brasileiro. Na última ata do COPOM (ler aqui), o comitê já havia sinalizado que os resultados da atividade econômica haviam sido fora do esperado, o que corrobora com o resultado de negativo em 0,28% do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica mensal e dessazonalizado) de Setembro, divulgado hoje pelo Banco Central. Tendo esse patamar de expectativas, a variação do PIB está projetada em 4,88% para 2021, frente aos 4,93% da última semana, e, para 2022, a taxa foi reprojetada para 0,93%.
Ademais o pessimismo, SELIC e Câmbio demonstraram estabilidade dentro dos modelos de projeção de expectativas. A taxa básica esperada continua nos 9,25% a.a (11% em 2022), enquanto o câmbio esperado para esse e o próximo ano manteve-se em 5,50 USD/BRL.
Concluir aqui é seguir a mesma linha das outras colunas de análises do Focus: o cenário de incerteza é, de fato, o pior terreno para colher os frutos de uma política econômica. As incertezas com Auxílio Brasil, âncora fiscal, PLOA 2022 e questões inteiramente políticas combinam-se e modelam as projeções pessimistas que temos visto em qualquer um que seja o relatório de mercado.