RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Petrobras concluiu nesta terça-feira (31) sua primeira operação de venda de refinaria desde que decidiu se desfazer de metade de sua capacidade de refino. Por R$ 10,1 bilhões, a Refinaria Landulpho Alves, na Bahia, pertence agora ao fundo árabe Mubadala Capital.
A unidade passará a se chamara Refinaria de Mataripe e será gerida pela Acelen, empresa criada pelo Mubadala para atuar no mercado de refino brasileiro. A operação será transferida ao novo dono nesta quarta (1º), mas ainda com apoio da Petrobras.
A Petrobras anunciou a venda de oito refinarias, processos que deveriam ser concluídos até o fim do ano, mas até o momento só três tiveram contratos assinados. Além da unidade da Bahia, já foram negociadas a Refinaria Issac Sabá, em Manaus, e a Unidade de Industrialização do Xisto, no Paraná.
Nesta terça, em encontro com analistas em Nova York, a empresa disse entender que a venda de refinarias no Rio Grande do Sul e no Paraná só devem ocorrer depois das eleições de 2022. As duas foram colocadas à venda, mas as negociações foram suspensas por falta de interesse.
Com a venda da refinaria da Bahia, boa parte do mercado da região Nordeste passa a ser atendida por uma empresa privada. Durante um período de transição, a Petrobras apoiará a Acelen na operação das instalações.
A operação, porém, é questionada na Justiça por sindicatos de petroleiros, que realizarão um ato nacional na sexta (3) contra a venda. A venda de ativos da Petrobras chegou a ser questionada pelo Congresso no STF (Supremo Tribunal Federal), mas sem sucesso.
“A gestão da Petrobras está se desfazendo de ativos importantes para o país, tornando-se uma empresa pequena, exportadora de óleo cru, ‘suja’ ambientalmente”, disse o coordenador geral da FUP (Federação Única dos Petroleiros, Deyvid Bacelar. “É preciso barrar essas privatizações.”
A Acelen diz que tem planos para ampliar a produção de combustíveis da refinaria, que hoje opera com uso de 60% a 70% de sua capacidade de 300 mil barris por dia. E prepara um pacote para manter ao menos parte do quadro de trabalhadores da estatal.
“Esta nova fase trará oportunidades de crescimento e mais investimentos para que a refinaria aumente a sua capacidade e diversifique a sua produção”, disse em nota o presidente da Mubadala Capital no Brasil, Oscar Fahlgren.
Além da refinaria, a transação incluiu um terminal marítimo de movimentação de petróleo e combustíveis e a malha de dutos associada aos dois negócios, com 669 quilômetros de extensão. O terminal será operado pela Transpetro, subsidiária da Petrobras para o transporte de combustíveis.
“Esta operação de venda é um marco importante para a Petrobras e o setor de combustíveis no país”, disse o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna. “Com novas empresas atuando no refino, o mercado será mais competitivo e teremos mais investimentos, o que tende a fortalecer a economia e gerar benefícios para a sociedade.”
Localizada no distrito de Mataripe, em São Francisco do Conde, e inaugurada em 1950, a Refinaria Landulpho Alves foi a primeira refinaria brasileira. Atualmente, é segunda maior do país em capacidade. É também fornecedora de matéria-prima para o polo petrolífero de Camaçari.
A estratégia da Petrobras para o setor de refino prevê a manutenção apenas das unidades localizadas em São Paulo e no Rio de Janeiro, que tem cerca de 50% da capacidade nacional de refino e ficam mais próximas dos campos produtores de petróleo e dos maiores mercados consumidores.
Depois de fracassar também na tentativa de venda da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, a Petrobras decidiu retomar investimentos para concluir as obras da unidade, que haviam sido suspensas após o início da Operação Lava Jato.
A expansão é parte de um orçamento de cerca de R$ 14 bilhões previsto pelo novo plano de investimentos da estatal em seu parque de refino e tem por objetivo, segundo a companhia, melhorar a atratividade do ativo para futura venda.